Imersa.
Inteiramente à espera.
Inteira.
Imensos dias.
Tudo.
Inteiramente à espera.
Inteira.
Imensos dias.
Tudo.
m. Os cds ouvidos foram Jesus não tem dentes no país dos banguelas e Õ blesq blom, que dispensam apresentações para quem era fã da banda. Embora eu tenha grande admiração pela trajetória do Arnaldo Antunes - fã de babar mesmo, de comprar tudo, desde os livros até os cds -, ouvindo estes cds eu fico com saudade do Arnaldo que não existe mais. Sinto saudade do berro, do ruído, da boca suja (ok, boca suja ele ainda tem, mas o tom visceral, próximo do grito, faz falta), como quando Os Titãs berram, bem próximo da oralidade: Todo mundo quer amor/ Todo mundo quer amor de verdade/ ... Quem tem pinto saco boca cu buceta quer amor/ Ele quer/ Ela quer.
nar pelo nosso lado mais cão, porque ele existe. E isto não significa deixar de ser gentil, de ter cuidado conosco e com o outro, significa ser menos ascéptico, saber gritar quando o outro grita, saber se lambuzar de doce ou de porra ou de porre e nem por isso duvidar que se é cumpridor do seu cartão de crédito a vencer. Isto me faz lembrar de outra música que diz: "Não preciso ser alguém,/ eu consigo viver sem/ armas pra lutar." E enquanto ouço, penso que meu intento sempre foi este: desarmar-se. Viver armado é a maior merda que se pode fazer com a própria vida - como são tristes pessoas que não param nunca de pensar que existe um batalhão pronto para devorar seus rabos. Deveriam ouvir mais música, ler mais livros, ver mais filmes, deveriam querer "inteiro e não pela metade" , deveriam vez ou outra experimentarem a delicadeza de um instante porrada ao som dos Titãs.
Eu fico olhando para o mundo daqui da minha janela imaginária. E entretanto tenho curtido muito viver do lado de dentro da janela. Existem "vidas" que só sabemos que queremos vivê-las quando de fato a vivenciamos. Tem sido assim com minha vida de "casada" e mãe (embora Poeminha ainda não tenha visto o mundo, já me sinto toda mãe). Se me perguntassem há um ano se eu queria isto, a resposta teria levado este momento para um futuro longíquo, como uma pedra que jogamos no mar esperando que ela se perca no horizonte. Como tudo aconteceu, não tenho resposta. Lampejos de carinho. Cumplicidade. Leveza. Tesão. E aí estava o momento certo surgindo... Tudo sem planejamento e sem stress, sem pressão, como se seguíssemos uma cartilha interior que estivesse nos ensinando a chegar até aqui. E já vai fazer um ano! Rimos da nossa pressa, da nossa falta de jeito, do nosso jeito. E é isto. Rimos. Somos dois Tatus. E já nos acostumamos tanto a sê-los que quando proferimos nossos nomes nos espantamos, como se aqui, do lado de dentro da janela, tivéssemos aprendido a nos reinventar. Se seremos daqui a um tempo um casal cansado como muitos que conhecemos? Não sabemos a resposta, mas também não fazemos esta pergunta. Traçamos planos o tempo todo, como se nosso amor nunca fosse envelhecer. E vivemos o "a cada dia" sempre cheio de delícias, de pequenos cuidados, de esperas, de chegadas, "enosmesmados".
