terça-feira, 27 de outubro de 2009

mutum

Mutum no dia do aniversário, depois que os amigos se foram, entre uma mamada e outra. e no silêncio, lágrima rolou. mutum dentro de mim. um sertão. ali, a infância perdida. aquela tristeza. aquele mundo adulto aniquilando o mundo criança. aquele choro sentido, muitas vezes. tantas vezes que foi preciso esquecer toda a infância. se houve felicidade, algum dia, não há como...

Decoração e outros afins

Minha irmã Maneca, após um comentário meu sobre decoração, solta esta: "Mana, para falar a verdade, se eu disser a algumas pessoas que você agora liga para estas coisas, elas não acreditariam". Será mesmo?, é o que eu me pergunto agora. Na verdade, sempre tive uma preocupação com a casa, mas entendo o que Maneca quis dizer. "Ligar para essas coisas" relacionava-se a objetos...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

3.5

estou aqui. estar aqui é muito. reinventei a vida. ou ela se reinventou e eu, sortuda, me vi inteira. reinventar a vida é como uma fruta madura retirada do pé e comida na hora, sem se preocupar em lavar. uma fruta que se come sentindo-a escorrer pelos cantos da boca....feliz. nem precisava dizer, n...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O perfume, de Patrick Süskind

Mas o ódio que sentia pelas pessoas permaneceu sem eco. Quanto mais ele as odiava nesse momento, tanto mais elas o adoravam, pois nada percebiam dele senão a sua aura, a sua máscara odorífera, o seu perfume roubado, e este era, de fato, divinamente bom.Terminei a leitura de O perfume, de Patrick Süskind. Estava lendo-o quando Poeminha resolveu vir ao mundo. Depois, ele ficou...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O fetiche dos livros

Fazia tempo que não lia páginas tão primorosas sobre o fetiche produzido pelos livros, como li agora em Bibliomania, de Flaubert, um pequeno grande conto inspirado em uma suposta notícia judicial. Sempre digo que possuir livros, constituir uma biblioteca, tem muito a ver com aquilo que Caetano Veloso chama de "amor tátil". É também um fetiche, uma assombração, uma obsessão,...

confissão incômoda

Depois da leitura de Bibliomania, de Flaubert, sinto-me mais normal. Pensando bem, sinto-me mais cômoda com minha anormalidade. Há tantos zunidos no mundo - e eu me pergunto por que estou com esta vontade medonha. Deve ter sido excesso de gente. Amo, mas enjoo. E este negócio de ser mãe tem um lado complicado. Deus e o diabo querem dizer o que devo fazer. E tudo gira em torno do fato de ser mãe. Falta-me humildade para viver isso com tranquilidade....

terça-feira, 13 de outubro de 2009

a isso dou o nome de amor

Elas foram embora ontem. Minhas duas irmãs e minha sobrinha. Mana Mácia veio de Fortaleza. Maneca veio de Porto Velho. Distâncias enormes deste Brasil tão grande. Tia Fá também veio. Princesa ficou apenas três dias. Mana, doze. Ela queria ter acompanhado o parto do Poeminha, mas ele estava ansioso para ver o mundo, viver a vida fora da sua "zona de conforto", como disse a...

sábado, 10 de outubro de 2009

Imagens, de Bergman

Há uma cena terrível em Fanny e Alexander, de Ingmar Bergman. Uma cena de castigo físico. O padrasto pune com uma vara o pequeno Alexander, que tenta manter a dignidade. Este filme, aliás, é terrível, embora o final seja redentor. Bergman é medonho em todos os seus filmes. Não dá para sair ileso de nenhum deles - as dores das almas dão fisgadas constantes. Nossas culpas, até...

sábado, 3 de outubro de 2009

poeminha

poeminha Bernardo nasceu. o que acontece todos os dias com tantas mulheres, quando acontece conosco, ganha a forma de um milagre. veio assim, alguns dias antes do esperado, porque já veio sábio, adivinhou que não devia ficar mais tempo na barriga, pois corria o risco de não ver o sol, a lua e as pessoas e ele queria ver o sol e ver a lua e ver as pessoas. chorou como todos...