A escrita: "o gozo por nada, logo, uma perversão". Nenhum lugar vem de Arnaldo Antunes. Qual narciso. Este perigo ronda todo diário: transformar cada acaso em acontecimento. Porém, o impulso da escrita, mais do que revelar a vida, revela a vontade de escrever. "Guardar uma coisa não é escondê-la". Neste jogo se esconde e se diz. Sem análise nem crítica. Somente aquilo que advém de Barthes::: humores. O jogo estéril do gosto/ não gosto. "Para guardar". "A regra = oferecer o íntimo, não o privado".[Milena, 46 anos, escorpião, de Iracema-Porto Velho-São Paulo-Paris-Vilhena-Ilhéus, da literatura, de nenhum lugar, do Poeminha e do Tatu]
O amor é de tal modo um espanto que chega a doer. Daquelas dores que são pura beleza. Eu olho, voyeur, e me vem a pergunta: que sentimento tão grande é este? ..
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Poeminha, que história bonita para guardar::: diante do pôster dos Beatles, que penduramos no seu quarto, você abre o sorrisão. Na verdade, dá uma gargalhadinha. Na primeira vez, pensei: "ah, é só a novidade!" Qual não foi a minha surpresa quando você repetiu a mesma gargalhada. E ainda agora, depois de dias com o quadro ali, você olha, se demora, olha pra mim, depois para...
Tenho visto poucos filmes. Não é um lamento; só constatação. Tempo tempo tempo, mano velho. E as escolhas. Porém, confesso que senti uma vontade danada de emendar um filme depois do outro quando vi o cartaz do Festival de Cannes deste ano. Que já passou. Mas achei tão bonita a Juliette Binoche no cartaz que resolvi postá-lo. Lembrou-me os espetáculos do Bob Wilson....
Muito se falou sobre Avatar. Qualquer interessado em cinema, ligou as antenas. Demorei para assistir. Não estava errada quando pensei que era daqueles filmes para se ver no cinema, e não em casa. A imagem, tudo. Não vi em 3D, mas o vi na teconologia Blu-ray, a que Tatupai me fez conhecer para que eu adiantasse seu presente de aniversário em alguns meses. Desde o primeiro...
Artigo meu bem aqui...Feliz, sabe. Quando escrevi este texto, quando apresentei este texto, estava quase feliz, mas ainda não sabia. Soube aos poucos. A certeza veio em Belo Horizonte. Foi lá que conheci pessoalmente o Halem. E foi lá que fiquei horas de conversa com a Lu, que me hospedou. Foi lá que recebi milhares de mensagens do Tatupai. Segundo ele, para que eu não esquecesse. A quase felicidade. Depois, por inteiro. ..O texto não revela...
A tia do Tatupai veio - a que fez o enxoval do Poeminha. Ainda não o conhecia. Foi ela quem soltou aquela frase: "Meu Deus, é o Ney". E entre delicadezas e guloseimas, deixou o sofá cheio de flores. E quando as flores ferirem demais nossos olhos, deixou também a versão preto-e-branco. Lindezas! Ela e as flores. ...
Flores no deserto. A promiscuidade intelectual abre a imaginação, é o que penso. Quanto a mim, leva-me onde nunca iria se me restringisse ao preto e branco. Digo não a qualquer tipo de afunilamento. Não sou derridiana, nem barthesiana, nem estruturalista, nem culturalista. Nenhuma ana e nenhum ista me interessam. Não acredito no regionalismo, nem no universalismo. Minha religião...
Eu falava de perder tempo - e da necessidade de perder tempo. Eu sou muito agitada. Já acordo dobrando o lençol. E todos os dias, passo ao menos uma hora num frenesi doméstico. No entanto, nestes dias, observando outras pessoas, percebi que sei perder tempo. Para ouvir o outro, para ver o outro, para sentir o outro.
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Hoje, qualquer coisa que dure mais de meia hora já deixa as pessoas em estado de frenesi. Eu sinto a impaciência rondando por todos...
Eu adoro isto aqui. Adoro este lugar de escrita. Eu não sabia quantos me liam, ou sequer se era lida para além dos meus três ou quatro comentadores que às vezes me deixam recados. Por isso, coloquei o marcador aí do lado. Curiosidade. Eu sou mesmo um ser curioso. E fiquei surpresa ao descobrir que diariamente têm uns quinze acessos por aqui. Ok, não é quase nada, se comparado a... Os blogs de decoração que eu vejo têm diariamente mais de 2000 acessos....
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brinco de menina levada no meio da noite. e como uma criança egoísta e malvada, encanto-me com meu próprio gesto, correndo o risco de me afogar no meu lago narcísico. estou cada vez mais convencida de que o grande barato da vida é ter o impulso - qualquer um. e quando é um que te oferece um risco, que seja ele que te defina. no meio de toda farsa, de toda pose, poder sorrir para dentro é a verdadeira saída. eu não quero espantar os anjos que...
Ainda não tive tempo de explorar meu novo brinquedo. Um ou outro registro bacana. Na maior parte dos cliques, silhuetas borradas. E não vejo a hora de cair logo no mundo com o filho no colo, eu e Tatupai. Ouvi o cd dos Móveis coloniais do acaju e gostei muitíssimo. Também vi o documentário Coração vagabundo, sobre o Caetano, e gostei um pouco menos. Bom mesmo foi cruzar Rondônia, pela segunda vez, durante 10 horas para chegar a Porto - eu e Poeminha....
o traço delicado de cyane é de puro horror. horror é uma palavra que ela usa. e aquilo que só percebe quem olha detidamente. muito de perto. de longe, sua tela é uma tela branca. ela vai na contramão desde aí: na decisão de exigir daquele que vê o movimento da atenção. um movimento difícil nos tempos de hoje. o que perturba é a androginia absurdamente humana - algo ou alguém,...
Sim, não devia. Não devia, mas estou lendo. Sabe o que é dormir às 4h da manhã três noites seguidas para tentar dar conta de fazer um projeto? Dormir às 4h e, por causa disto, não ouvir seu filho chorar às 8h da manhã? E com lágrimas nos olhos agradecer aos céus, aos deuses, ao acaso, ser o dia da diarista que ouviu e o acalmou, sem que eu nada ouvisse? Pois tem sido assim...
Poeminha, sua tia-avó, aquela que fez todo o seu enxoval, hoje finalmente lhe conheceu, e, realmente surpresa, exclamou: "Meu Deus, é o Ney!"
Ney, como você já sabe, é o Tatupai.
E ela sabe o que fala, filho. Conheceu seu pai quando bebê. Depois, mais calma, mas não menos surpresa, falou: "É como se Ney tivesse nascido outra vez".
Viu, filho, que bonita esta...
Livro lido há um tempão.
..Meu último suspiro é um livro incrível do Luis Buñuel - não tanto pela linguagem, um pouco decepcionante para quem está acostumada com seus filmes, mas pela vida intensa deste cineasta. Ele conta seus feitos como se tudo tivesse sido por acaso, como se os acontecimentos da sua vida pudessem ocorrer com qualquer um. Esta ideia sempre...
Saudade do blog. Saudade. Esquisito, né? Bem aqui, a saudade. Tanta gente tão longe. E a vida na correria. Sinto-me centrada. Todos os dias, os afazeres. Os afazeres de todos os dias. E ainda assim, feliz. Sim, feliz. É porque há uma brecha. É porque estou na Universidade. E eu queria ser isto: uma pesquisadora. É porque eu sou mãe. Não sabia que queria sê-lo, mas, sendo, sou por inteira um ser. E agora, aqui, eu e ele, ligeiramente bêbados. Por...