adoeci no fim das férias. mantive umas tiradas irônicas diante do medo, para não perder de todo a elegância, mas o certo é que sofri de dor diante da possibilidade da morte e chorei bem alto em alguns momentos. me ver diante de tantas dores causaram-me um espanto inominável. não vou tentar descrever-me naqueles dias. não conseguiria. mas digo que nem sempre deu para me manter serena. oh year! vou "morrer de forma digna e serena" aos 80 anos. deve ser mais fácil. aos 35, achei que ainda era muito cedo.
guillain-barré não é uma doença incurável. o problema é que aniquila o corpo em poucos dias. e o diagnóstico, em geral, demora a vir. e é esta demora que pode causar a morte. no meu caso, demorou um tanto. mas o aniquilamento do corpo também demorou mais do que o habitual. ouvi diversas vezes que contraí guillain-barré na forma atípica e branda. alguns anjos estavam a postos, enquanto outros dormiam.
os homens é que não estavam muito atentos. voltamos das férias para Porto Velho comigo já cheia de dores e dormências nas mãos. em Porto, passagens pela emergência de hospitais, internação por vários dias, diagnósticos errados, dias em casa da Maneca esperando melhorar. neste entretempo, piorei muito: perda parcial da visão esquerda, dormências em todas as extremidades, perda de força muscular e muitas, muitas dores. angustiada, vi-me impossibilitada de levantar o Poeminha do chão. depois, não subi mais escadas e, mais depois, deixei de me levantar da cama sem ajuda. voltamos, então, para Fortaleza. dois dias depois, sabia o diagnóstico. fiquei 14 dias internada. e agora, aqui ainda estou, pés e mãos dormentes, acampada na casa da minha anja, longe de retomar a vida normal, mas recuperando-me um pouquinho a cada dia.
sim, uma anja transvestida de irmã. devo este segundo tempo da minha vida a mana Mácia. acho que por ser enfermeira, ela foi a primeira a perceber a gravidade da minha doença. não descansou até me ver de volta em Fortaleza. e foi incansável na busca pelo diagnóstico. e ficou comigo durante todo o tempo no hospital. como eu disse, tive muito medo, mas ao mesmo tempo me senti muito segura tendo-a ao meu lado. agradecida agora estou. e estarei pelo resto da minha vida.
porque eu gosto muito de viver. não precisei estar perto da morte para saber disto: amo viver. e eu tive medo por causa disto: porque viver é bom, é bonito.
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5 Palavrinhas:
Oi Mi!
Eu fiquei muito preocupado quando soube.
Feliz Feliz que você está se recuperando. Agora muita fisioterapia.
qq coisa, conte com a gente.
Oi professora!!!!!!!!!
A cada dia q passa a admiro cada vez mais.
Tentei por várias vezes te ligar, pegava o telefone mas não conseguia, esse meu jeito estranho, envergonhada, não me deixa nem expressar o q sinto pelas pessoas, mas resolvi vir até aqui: quero q saiba q estou torcendo muito por vc, lhe admiro muito, peço a Deus todas as noites em minhas orações por vc, e sei q ele irá me atender, vc é uma pessoa muito forte e guerreira e vai conseguir.............
Amo vc
Bjjjjjjj no poeminha
Saudades
Olá, Milena.
Engraçado isso de mundo virtual. passei meses acompanhando o seu blog caladinha, suspirando a cada post, encantada com sua personalidade tão viva. E sempre distribuindo o link do blog a quem interessar fosse. E olhe que sempre interessou, viu? Nesses últimos dias, sempre que eu vinha aqui me dava uma sensação estranha. Uma sensação meio: "ela só pode estar doente". E me dava um aperto no peito. E só me restava esperar o momento de você retornar. Foi, portanto, com alegria que celebrei o seu retorno. Você nem sabe quem eu sou, mas queria apenas desejar melhoras e que este período tão duro seja mais um momento de intenso crescimento do que de medo.
Um forte abraço virtual.
Erica, de Recife.
Não vejo a hora de te ter devolta
Beijos na família.
amiga! gente que ama tanto a vida como vc não deveria jamais ficar doente! aliàs ninguém né? mas principalmente vc! te admiro muito!
muitos beijos
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