eu não duvido nada que, de repente, o que era certo não seja, de
fato, tão certo assim. é quando a possibilidade da morte, ou da dor, ou da
separação, aparece nítida. nessas horas, a certeza da dúvida. nada está realmente programado. como querer muito voltar a
Paris - e ser assaltada mal se coloca os pés lá. ou querer muito fazer algo - e
adiar indefinidamente (como meu pós-doutorado). ou achar que está tudo bem e, de repente, não haver mais palavras. não existe mesmo um script. os
dias são vorazes. lançar mão de uma série de cascas. e tudo parece mais
simples quando o que resta é nos proteger.
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não. não quero.
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comecei a ler Longe da árvore já não lembro exatamente por que. sei que é arrebatador. é um livro tão lindo
que me dá náuseas só de pensar nas suas mil e poucas páginas. mas leio
obstinadamente, nem que seja algumas páginas por dia. e tudo parece fluir ainda
mais com o serzinho que cresce ao meu lado, o Poeminha. dia desses disse na sala de
aula que comprar um livro de R$200,00 é uma insensatez para uma pessoa que não
tem tempo nem de cagar. não sei o que espantou mais. se os R$200,00 em um livro
ou o "cagar". não falava de Longe da árvore, mas de um outro, que
folheei rapidamente, e que me pegou, de surpresa, com uma lágrima escorrendo. é que lembrei que o passado existe.
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e esta moça chamada Ana Cañas? como ela
sai de uns cds engraçadinhos para uma "Volta" que faz tudo doer? a tarde quente me pegou outra vez. e com os mosquitos incomodando minhas
pernas mais do que de costume, fiquei imaginando que tem este processo de
maturação, de esperar ter o que dizer no momento exato. só não rolou outra
lágrima porque, dessa vez, estava prevenida.
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eu sinto falta de um tanto de coisas. e de
um tanto de pessoas. dois mil e catorze estende seus enormes tentáculos sobre
mim, como se eu fosse, de fato, a soma de todos os anos passados. como se eu me
visse com meus grandes desvãos. algum pensamento
lateja::: não tenho problema algum de esmurrar as paredes. só as paredes – que não
sentem. sou quase sempre. e só fiz isso nas dores extremas. mas o que me faz
falta - de verdade - não posso dizer aqui. como vislumbre. lembrei de tudo isso naquele
princípio de noite – quando tive que deixar ali aquele ser que cuidou de mim. e
quando tive que ver aquela que deveria ter cuidado de mim virar as costas mais
uma vez para aquele que só queria uma palavra de amor. é assim. tudo verdade e tudo invenção, como já foi dito tantas vezes. e ainda assim tudo é bonito. mesmo quando a garganta insiste em ter um osso atravessado nela.
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1 Palavrinhas:
isso é existir!
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