quinta-feira, 28 de abril de 2011

de recife


... naquela tarde. a teimosia. filho. marido. irmã. sobrinha. lindo demais.

terça-feira, 26 de abril de 2011

correspondência

no facebook, respondi assim a uma mensagem do meu amigo alberto:

"alberto, li a última tradução mesmo de Ana K. siscar, meu orientador, ria desta minha vontade de ler todos os clássicos! mas eu continuo com vontade. o que me falta é tempo. q coisa! quando viramos professores universitários parece que só nos sobra tempo para fazer as burrocratices! Mas de todo jeito vou ler O homem sem qualidades ainda este ano. saudade de você sempre."

e ele me respondeu com estas lindezas de palavras: 

"mi, o q importa é q vc está e sempre esteve no caminho mais forte, mais potente. o resto é seguir burlando as burocratices, tentando não se envolver demais e escrever: não apenas ler. não parar de ler, mas escrever. criar e recriara vc nessa luta com as palavras, q é apenas uma metáfora das lutas vitais. adorei te ler e te ver novamente. o tempo passa rápido demais. são vidas infinitas q temos de viver e esgotar antes de morrer. e quanto mais cheias estiverem mais a vida toda é uma delícia. espero q tua vida teja assim, plena. saudade. e beijo. com beijo especial com abracinho em poeminha."

alberto é uma das pessoas mais inspiradoras que eu já tive o prazer de conhecer. inspirador e inquietante. amo amo amo. 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

uma emoção

estive em campo grande, onde nasceu manoel de barros. esqueci minha máquina fotográfica e não tenho registro do lugar. pena. fomos para o eel - encontro de estudos literários da uems. fiquei com a impressão de que vou voltar. adorei as pessoas. de verdade. voltei mais cheia de luz, se é verdade que carregamos um pouco da luz das pessoas.  tão cheia de sonhos.  três ou quatro professores da universidade do estado do mato grosso do sul têm feito uma pequena revolução por lá. e uma revolução que nos pareceu - a mim, sandra, rosana e fátima - uma revolução amorosa. de quem ainda acredita no mundo da letras. e acredita, assim, numa educação para o humano. não disse, por pudor, mas queria ter dito a um dos professores que ele me emocionou como há tempos. e num ato involuntário, que é melhor ainda. eu já havia achado estranho terem tão prontamente nos acolhido, colocando-nos em mesa-redonda e minicurso, quando bem sabemos que em eventos desse tipo toda a atenção que se quer dar são para as "estrelas".  e nós, bem, nós somos professoras na floresta. e eu já disse em algum lugar como é comum pensarem que somos todas descerebradas. 

a emoção veio em razão de: uma pessoa que se parece com aquelas típicas dos anos 1970, deslocada num mundo em que os devaneios são como britadeiras no asfalto, foi um dos conferencistas do encontro, que imediatamente se transformou em um lugar para se ouvir uma voz dissonante. não digo que não fiz parte da plateia que, entre incomodada e desatenta, ouvia os lampejos de beleza daquele moço magro e barbudo, dizendo da dificuldade da travessia, seja da leitura, seja da literatura. 

bem depois, o professor que fez o convite a pessoa contou-nos, com um sorriso cúmplice, de que a conhece há anos. são amigos desde muitos anos. e foi assim que senti a emoção que por pudor não proferi. havia ali um amigo na sua concepção mais genuína. pois ele sabia do risco. sabia que o amigo podia ir por veredas estranhas ao público, sabia que a partir do momento em que ele estivesse com o microfone, os dois estariam expostos, como dois perdidos num deserto muito grande, como são todos os desertos. os dois expostos aos lobos da severidade. e mesmo assim, o amigo correu o risco. isso me fez lembrar que ainda é possível, num tempo precário como o nosso, num espaço regrado como o da Universidade,  gestos como esse, de pura transgressão, de pura aposta no dizer incomum. 

sim. acho que vou voltar. e acho que quero semear sonhos desse tipo. pois isso significa acreditar no humano, por mais diferente que ele pareça ser. 
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sábado, 9 de abril de 2011

na escola

por um lado, um trabalho reflexivo sobre a escola de ensino fundamental e médio, por outro, um trabalho prático. e desde ontem, em que tanto se pensa, tristetriste, sobre o espaço da escola, começo a pensar no quanto ela se modificou desde a última vez que lá estive como professora - e nem faz tanto tempo assim, embora pareçam séculos. 

foi ali, professora, que eu aprendi a amar a balbúrdia escolar. e a não temê-la. não fui uma boa professora, tenho quase certeza. era uma menina - imatura, interessada em muitas coisas, entristecida com outro tanto, mas lembro perfeitamente de como tudo aquilo me empolgava. sempre fui atraída pelos rebeldes, pelos incompreendidos, pelos "problemáticos". não era diferente como professora. achava que podia "salvar" todos. que podia dar minhas aulas para adolescentes à beira da marginalidade sem, de fato, colocá-los em guetos. entendia perfeitamente a pulsão erótica que impregnava o ar daqueles meninos machões encolhidos entre a vontade de liberarem o amor pela garota linda e a obrigação de se firmarem perante os amigos. nunca senti medo perto de nenhum deles. nunca me senti ameaçada pela ironia, pela raiva, pelo desinteresse que constantemente os assolava. e ficava bem longe do ódio que fazia da sala dos professores o ambiente mais contaminado da escola. aquele ódio a jovens tão cheios de vida me parecia tão fora de foco. entre a frieza da instituição e a desordem da  alegria, eu não tinha a menor dúvida de que lado estava. 

e sabia dar aula de forma mais divertida, mais leve, do que consigo hoje. uma certa irresponsabilidade que perdi. uma certa leveza que o passar do tempo me roubou. e fico triste, realmente triste, ao constatar que o quadro agora é ainda pior. não sei se foram os jovens que mudaram ou se foi o ódio que exacerbou de forma insuportável. eu não sou ingênua. sei que os jovens podem ser bem malvados. mas será mesmo que são tão violentos assim? agora não se diz mais que um jovem é rebelde. dizem logo que é violento. pois eu acho que não. as suas posturas podem muito bem ser uma reação à ignorância, a incompetência, ao despreparo de tanta gente que os rodeia.  

de certo modo, são essas coisas que tento dizer aos dois alunos que acompanho agora num projeto de extensão. assustados e decepcionados com o que julgam ser um total desinteresse de boa parte dos alunos, vejo constantemente como se sentem tentados a repetirem os preconceitos tantas vezes repetidos. e o que tento é deflagrar a chama. é fazer com que vejam que o que há ali, no espaço da escola, é o humano em ação. o adolescente que nos olha com ironia  enquanto falamos é o mesmo que impõe o tom irônico na medida certa do poema de Leminski. será que não dá para perceber? eu acho que dá. basta estar aberto. basta usar a linguagem a nosso favor. basta sorrir que não faz mal a ninguém. basta perguntar o nome e ouvir suas histórias e compreender seus silêncios e suas balbúrdias. 

na verdade, eu me sinto de novo tocada por aquela centelha de paixão. tenho lembrado como é bom estar ali, no meio da moçada. e é isso. e ainda bem que é isso. as fotos não me deixam mentir.















sexta-feira, 1 de abril de 2011

dom quixote


Não há leitor que não carregue no seu imaginário dom quixote, o cavaleiro andante. Eu li há muito tempo. E já é hora de reler. Penso nisso sempre que olho para "os daqui de casa". Um eu comprei em Toledo, depois de percorrer de ônibus parte da região da Mancha. O outro compramos, os Tatus, numa feira em Fortaleza. Já combinamos que o próximo a fazer companhia aos dois será Sancho Pança.
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