terça-feira, 27 de junho de 2017

Fim de semana [à la michel laub]






Um filme: A criada, de Park Chan-Wook.
Um filme mediano: Personal shopper, de Olivier Assayas.
Um livro estupendo: Amanhã, na batalha, pensa em mim, de Javier Marías (Companhia das Letras, 376p.).
Um disco: Espiral de ilusão, Criolo.
Um perfil: de Carmem Lúcia, presidente do STF, na Piauí.
Uma imagem minha: Nina e a boneca de Poeminha. 

terça-feira, 6 de junho de 2017

paraguassu - a feira

ainda estão em mim as intensidades que a Feira de impressos Paraguassu gerou. de 02 a 04 de junho, aqui em Salvador, presenciei uma energia viva, forte, bonita. uma presença que é vivência. muito se fala sobre o presente, e sobre a dificuldade de defini-lo no campo das artes e das letras, mas é preciso fazer uma imersão em uma vivência assim para vir a ciência de que nada está mesmo definido. 

é quando o papel se destina à beleza. é quando o livro vira objeto. ou somente livro mesmo. é quando a ilustração tem cores, formatos e linhas distintas. é quando os discursos de que o papel já era restam natimortos. é quando é possível revirar a história. e ir ao encontro dela. como a ida a Cachoeira e São Félix saudar os tipógrafos e suas experiências. e em um ônibus cheio de poetas, escritores, ilustradores --- uma comunidade de artistas, enfim, a atravessar. a travessia. é um dos nomes.

uma comunidade de artistas. quase me vem a ideia de escrever o quanto isso é raro hoje em dia. mas foi justamente o contrário que aprendi nesses dias - que não é raro. essas comunidades não dão notícias nos jornais, mas estão por toda parte. e em toda parte se reúnem. e festejam com afeto o estar-junto. uma feira de artistas independentes - das grandes empresas de produção e distribuição de artes e livros - não se parece em nada com as reuniões tristes da academia. se há disputas e invejas, são bem veladas, por isso prefiro crer que o que se vela, o que se guarda, a todo momento é mesmo a alegria do encontro. é quando a distância vira encontro. e o encontro, abraço. e isso se estende aos compradores, aos admiradores, aos olheiros. é quando o produtor abraça o consumidor. e conversa. e se contam muitas histórias. 

é quando o artista encontra seu público. um olho para outro olho.

eu costumo dizer que é preciso criar reservas de felicidade. e agora, quando a tristeza me é ainda tão funda, descubro que é preciso inventá-la também. onde não é possível ainda que exista felicidade, talvez eu deva forjar outro sentimento, que pode ser mais simples, menos impossível. ou pode ser simplesmente isto: observar, atrás da máquina, a alegria de outros. e deixar que isso me traga outras histórias sobre a minha vivência com os livros. 

fotografei bem de perto. com minha nova lente. sem pedir licença. ou licença só com o sorriso. fiquei por ali. vivendo. vendo os livros. tocando. olhando. perguntando, vez ou outra. muda de emoção. é um outro nome --- a emoção.