segunda-feira, 31 de maio de 2010

espanto ou o quê




O amor é de tal modo um espanto que chega a doer. Daquelas dores que são pura beleza. Eu olho, voyeur, e me vem a pergunta: que sentimento tão grande é este? 
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Para o filho

Poeminha, que história bonita para guardar::: diante do pôster dos Beatles, que penduramos no seu quarto, você abre o sorrisão. Na verdade, dá uma gargalhadinha. Na primeira vez, pensei: "ah, é só a novidade!" Qual não foi a minha surpresa quando você repetiu a mesma gargalhada. E ainda agora, depois de dias com o quadro ali, você olha, se demora, olha pra mim, depois para o quadro, e sorri, e gargalha e mexe as mãos em frenesi. O que você sente, filho, e por que sorri assim? Sim, filho, há muitos mistérios neste mundo. Os Beatles são um deles. Um dia você vai saber. E quem sabe também se apaixonar por eles - e lamentar por não ter estado , lamentar por não lhes ser contemporâneo, mesmo que isso significasse ser bem mais velho. Um lamento que com certeza virá acompanhado da alegria de saber que a música é eterna. Simplesmente está - como esse quadro no seu quarto. Vai que ele se demora, filho? Vai que você queira que ele fique sempre ali? Tomara...
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sexta-feira, 28 de maio de 2010

A imagem


Tenho visto poucos filmes. Não é um lamento; só constatação. Tempo tempo tempo, mano velho.  E as escolhas. Porém, confesso que senti uma vontade danada de emendar um filme depois do outro quando vi o cartaz do Festival de Cannes deste ano. Que já passou. Mas achei tão bonita a Juliette Binoche no cartaz que resolvi postá-lo. Lembrou-me os espetáculos do Bob Wilson. Bonito ver Binoche não como uma estrela do passado, mas como uma reverência ao presente e ao futuro - que já chegou.

domingo, 23 de maio de 2010

Só agora Avatar


Muito se falou sobre Avatar. Qualquer interessado em cinema, ligou as antenas. Demorei para assistir. Não estava errada quando pensei que era daqueles filmes para se ver no cinema, e não em casa. A imagem, tudo. Não vi em 3D, mas o vi na teconologia Blu-ray, a que Tatupai me fez conhecer para que eu adiantasse seu presente de aniversário em alguns meses. Desde o primeiro filme em blu-ray, eu disse: é a imagem hiper-real. A saturação de cores não se relaciona com aquilo que nossos olhos habitualmente veem - o mundo real não é tão colorido. É o mundo das HQs,dos desenhos animados, do videogame. Não à toa é uma tecnologia que veio daí.

No entanto, teimamos em pensar que o mundo bem poderia ser tão colorido. A ideia do duplo - um mundo em dobro, um sujeito que se reparte em dois, ou mais - há muito tempo encanta o espaço ficcional. James Cameron joga com essas duas possibilidades - a imagem e o fascínio do duplo - para construir seu filme.
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Entretanto, sem contar até dez, o seu filme é bem decepcionante. É espetacular na criação das imagens, mas totalmente previsível no enredo. Se fosse um livro, seria bem ruinzinho. Reiteradamente, carrega nas tintas dos estereótipos do melodrama.  Cheguei a pensar que é proposital, como faz, por exemplo, os filmes de Indiana Jones. É possível adivinhar a cena seguinte sem nenhum esforço. Acresça-se a isso doses excessivas do politicamente correto; e eis Avatar.  Poderia ser uma encomenda do greenpeace. No entanto, há as imagens. E como as imagens foram geradas. Por isso, não dá para ficar indiferente. É bonito de se ver. A cena final, especialmente. Só se transforma em um outro aquele que prepara tanto o corpo quanto o espírito para tal acontecimento. É um poder xamânico, este. Daí, ser tão especial.
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Eu fiquei com a impressão de que o cinema foi muito longe como um meio que é essencialmente imagem, sem que saísse do lugar como meio que também cria histórias.
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sábado, 22 de maio de 2010

Os véus da escrita autobiográfica em Jacques Derrida

Artigo meu bem aqui.
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Feliz, sabe. Quando escrevi este texto, quando apresentei este texto, estava quase feliz, mas ainda não sabia. Soube aos poucos. A certeza veio em Belo Horizonte. Foi lá que conheci pessoalmente o Halem. E foi lá que fiquei horas de conversa com a Lu, que me hospedou. Foi lá que recebi milhares de mensagens do Tatupai. Segundo ele, para que eu não esquecesse. A quase felicidade. Depois, por inteiro. 
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O texto não revela nada disso. Porém, o fato de ele existir funciona para mim como a madeleine de Proust. É o dispositivo da memória. 
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Cor


A tia do Tatupai veio - a que fez o enxoval do Poeminha. Ainda não o conhecia. Foi ela quem soltou aquela frase: "Meu Deus, é o Ney". E entre delicadezas e guloseimas, deixou o sofá cheio de flores. E quando as flores ferirem demais nossos olhos, deixou também a versão preto-e-branco. Lindezas! Ela e as flores.
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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu digo não


Flores no deserto. A promiscuidade intelectual abre a imaginação, é o que penso. Quanto a mim, leva-me onde nunca iria se me restringisse ao preto e branco. Digo não a qualquer tipo de afunilamento. Não sou derridiana, nem barthesiana, nem estruturalista, nem culturalista. Nenhuma ana e nenhum ista me interessam. Não acredito no regionalismo, nem no universalismo. Minha religião é a literatura. E minha fé é nas pessoas. 

Não sou boazinha.  Estou fora dessa lavagem cerebral de que se deve preservar a qualquer custo a pureza de uma Amazônia mítica. Por aqui, as pessoas comem, bebem, dormem, defecam, sofrem, como em qualquer lugar do mundo. Qualquer lugar é um lugar. Querem moldar meu corpo para me ensinar como se goza - preferencialmente, para o bem da coletividade. É porque a "diferença" dá dinheiro pra caramba. Expor na feira os indigentes, os relegados do mundo, e assim equipar as paredes ocas da Universidade. Pesquisa tupiniquim. Não entenderam nada do mau caratismo de Macunaíma. Escolheram o Guarani, porque é muito mais rentável. Já eu prefiro o herói sem nenhum caráter; pelo menos tem mais humor e putaria. 
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A dúvida, sempre. Escolher minha forma de gozo.
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Foi assim quando me aventurei a entrar na vida acadêmica pra valer. Na seleção de mestrado, disseram-me que eu não passaria de jeito nenhum com "aquele" assunto. Era preciso adaptar-me aos gostos dos outros, tão contrários ao meu. Passei em primeiro lugar. E segui em frente, tão teimosa como uma mula. Tão feliz como não se pode ser. E vou continuar assim. Mandarei seja quantos projetos for para estas máquinas oficiais de moer gente, até me darem dinheiro para fazer o que eu quero. Se querem saber a cor da cor da cor do verde da Amazônia, que venham aqui e coloquem suas botas compradas em Londres no lamaçal.  Levi-Strauss foi mais inteiro e por isso ninguém ainda fez melhor, apesar daqueles equívocos todos. Botas sujas com sinceridade no olho. Só querem que eu leia o zépovinho para poderem continuar lendo Dosto. Eu digo não, caetaneamente. Se o suor é meu, que todo o resto também seja. E sempre que puder, vou dizer como eles são ridículos vestidos de Antonieta mandando dar brioches, já que falta pão. Superioridade camuflada de. Por azar, estarão sempre no poder, reinventando suas formas de modelagem. Como disse, tô fora.

Outramente é tão mais bacana.

E ainda nem me disseram não. Talvez nem digam.
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terça-feira, 18 de maio de 2010

Sobre a perda de tempo

Eu falava de perder tempo - e da necessidade de perder tempo. Eu sou muito agitada. Já acordo dobrando o lençol. E todos os dias, passo ao menos uma hora num frenesi doméstico. No entanto, nestes dias, observando outras pessoas, percebi que sei perder tempo. Para ouvir o outro, para ver o outro, para sentir o outro.
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Hoje, qualquer coisa que dure mais de meia hora já deixa as pessoas em estado de frenesi. Eu sinto a impaciência rondando por todos os lados. Ontem, pessoa linda, e mesmo assim me perguntou: "vamos ver tudo?". Como se só houvesse tempo para a metade. Sim! O todo é tão legal. Marisa Monte diz que não deixa fazer coletânea dos seus discos porque cada um tem sua concepção e que, por isso, só deveriam ser apreciado no seu todo... Sei o quanto isso soa démodé.
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Como é que chegamos neste estado nervoso das coisas? Nesta onda de querer falar, de querer saber, sem dar o tempo? É esquisito. Eu sinto pudores. Fico nervosa quando me pedem para falar sobre algo, mesmo que eu já o tenha visto várias vezes. Sempre penso que, lesada, deixei passar os pontos essenciais e que é preciso ver um pouco mais, perder um pouco mais de tempo com aquilo.
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Lembro de uma conversa que tive com uma amiga na Tate Gallery. Estávamos com outro amigo e, diante daquelas várias exposições, ficamos um tempão na de Kandinsky, no fundo com um pouco de pesar por não termos mais tempo e disposição para as outras. Já sentadas, exaustas, nosso amigo finalmente se dispõs a ir vê-la. Quando ele saiu, ela, que tem uma lentidão toda especial no olhar, me falou: "Quer apostar quanto que ele voltará daqui a cinco minutos e falará como se tivesse visto tudo com a maior atenção do mundo?". Dito e feito, ele voltou e foi logo dizendo: "é a melhor exposição de Kandinsky que eu já vi!" 
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Com pesar, eu tenho achado que o mundo todo decidiu que ver é só passar os olhos e, em seguida, criar o discurso do já-visto. Pena.
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Escrever por puro gozo

Eu adoro isto aqui. Adoro este lugar de escrita. Eu não sabia quantos me liam, ou sequer se era lida para além dos meus três ou quatro comentadores que às vezes me deixam recados. Por isso, coloquei o marcador aí do lado. Curiosidade. Eu sou mesmo um ser curioso. E fiquei surpresa ao descobrir que diariamente têm uns quinze acessos por aqui. Ok, não é quase nada, se comparado a... Os blogs de decoração que eu vejo têm diariamente mais de 2000 acessos. Só que eu, humildemente, me contento com meu número de visitantes. Por outro lado, mais uma curiosidade: não daria um dedo, é certo, mas pagaria uma prenda para saber nominalmente quem são estes meus quinze.

Mas o que eu ia dizendo é que adoro escrever aqui - e gosto justamente porque é sem compromisso, porque é algo que faço por puro gosto. Por puro gozo. A escrita por nada. 2h da manhã estendendo roupas no varal. 3h da manhã lavando louças. 4h da manhã tentando encerrar projeto com data para ser entregue. 1h da manhã revisando texto mal escrito de doutoradeuniversidadechique - morro e não revelo o nome -. Aí vem a vontade de escrever aqui, mesmo sem assunto definido. Aí, escrevo. Sem obrigação alguma. O inverso das coisas do cotidiano. É uma das minhas miudezas, das minhas inutilidades. Por isso, não abro mão. 
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domingo, 16 de maio de 2010

regional versus universal

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brinco de menina levada no meio da noite. e como uma criança egoísta e malvada, encanto-me com meu próprio gesto, correndo o risco de me afogar no meu lago narcísico. estou cada vez mais convencida de que o grande barato da vida é ter o impulso - qualquer um. e quando é um que te oferece um risco, que seja ele que te defina. no meio de toda farsa, de toda pose, poder sorrir para dentro é a verdadeira saída. eu não quero espantar os anjos que devem rondar por aqui... eu quero dizer somente que eu estou feliz como há muito tempo não me sentia. como talvez eu tenha me sentido poucas vezes na vida. e tudo isso porque, de repente, eu sinto uma fé tremenda em mim mesma. e sim, mesmo diante do lago, eu ainda reconheço: muita gente me ajudou a chegar até aqui, até a este ponto, diante deste lago, observando a minha face - que balança.
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Dias ali

Ainda não tive tempo de explorar meu novo brinquedo. Um ou outro registro bacana. Na maior parte dos cliques, silhuetas borradas. E não vejo a hora de cair logo no mundo com o filho no colo, eu e Tatupai. Ouvi o cd dos Móveis coloniais do acaju e gostei muitíssimo. Também vi o documentário Coração vagabundo, sobre o Caetano, e gostei um pouco menos. Bom mesmo foi cruzar Rondônia, pela segunda vez, durante 10 horas para chegar a Porto - eu e Poeminha. Que dias bons. Encontrei Marcos por lá. Teve jantar oferecido pela Carla e, de quebra, Binho tocando violão.  E o dia na rede, naquele sítio. E minhas duas meninas, sempre. E ainda almoço na Ida, como nos velhos tempos. Manu, na plateia da conferência do Marcos. E que moço simpático, aquele Marcelo. 

Nem parecia que eu estava a trabalho.

Quando é que foi tudo isto mesmo? Já vai fazer um mês? Puxa, como é que pode?
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terça-feira, 11 de maio de 2010

O traço de cyane



o traço delicado de cyane é de puro horror. horror é uma palavra que ela usa. e aquilo que só percebe quem olha detidamente. muito de perto. de longe, sua tela é uma tela branca. ela vai na contramão desde aí: na decisão de exigir daquele que vê o movimento da atenção. um movimento difícil nos tempos de hoje. o que perturba é a androginia absurdamente humana - algo ou alguém, não se sabe quem, ou o quê, fisgado por anzóis que perfuram, comprometem, aniquilam. assim, um traço. um traço perturbador. amo amo amo. aquele amor que dedico a quem me perfura, me corta, me estrangula. e me enternece ao mesmo tempo.
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sábado, 8 de maio de 2010

Recaída - Ou Jimmy Corrigan


Sim, não devia. Não devia, mas estou lendo. Sabe o que é dormir às 4h da manhã três noites seguidas para tentar dar conta de fazer um projeto? Dormir às 4h e, por causa disto, não ouvir seu filho chorar às 8h da manhã? E com lágrimas nos olhos agradecer aos céus, aos deuses, ao acaso, ser o dia da diarista que ouviu e o acalmou, sem que eu nada ouvisse? Pois tem sido assim meus dias nesta última semana. E se eu ainda estou por aqui, a esta hora acordada, é porque a adrenalina não me deixa dormir.

E ainda asim, estou lendo/vendo, aos pouquinhos, Jimmy Corrigan, O meino mais esperto do mundo, de Chris Ware, a HQ mais estranha, mais esquisita, mais diferente que eu já tive o enorme prazer de conhecer. É porque tudo me doi. Vai ver nem é tão brilhante assim; vai ver é porque me doi (não levem isto a sério, pessoas muito mais sérias do que eu - e por razões muito mais sérias - se encantaram com esta história!). Me doi não porque sou eu, mas porque poderia ser eu. E porque estes vazios, este desenho tão sóbrio e que, no entanto, dá a aparência de ser quase infantil, geram um incômodo tremendo. Porque de algum modo, é como se o tempo todo nos pedisse: aprenda a ler
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É isso, então. 
É bonito e é triste. 
É muito triste. 
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E eu sinto medo. 
Como mãe, sinto medo.
Como filha, sinto medo. 
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E ainda assim, agradeço. 
Quem sabe, com medo, eu possa errar menos. 
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Esqueçam. 
Jimmy Corrigan nada tem a ver com isto. Com este medo. 
É simplesmente fabuloso. E isso é muito.
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Para o filho


Poeminha, sua tia-avó, aquela que fez todo o seu enxoval,  hoje finalmente lhe conheceu, e, realmente surpresa, exclamou: "Meu Deus, é o Ney!"

Ney, como você já sabe, é o Tatupai.

E ela sabe o que fala, filho. Conheceu seu pai quando bebê. Depois, mais calma, mas não menos surpresa, falou: "É como se Ney tivesse nascido outra vez". 

Viu, filho, que bonita esta parecença tão grande! Eu já perguntei para o seu pai o que é ter um filho tão parecido. E se perguntei, é porque também me espanto. Por várias vezes, ao ver vocês dois juntos, me veio uma emoção grande. É porque vocês realmente se parecem. Não posso mostrar aqui, filho, mas já os fotografei no banho - realmente vocês são tão parecidos... E não é só físico, filho. Desde já, não é só físico. É o olhar, o gesto, o encolher as sobrancelhas... É tudo.
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E o que há em você meu? Ainda não descobrimos. Eu me contento em saber que você saiu das minhas entranhas. E que se alimenta do meu corpo. Já me é muito. Mas lá no fundo, talvez, eu sinta um certo ciúme. Mas ciúme, filho, nunca foi um sentimento que admiti, embora já o tenha sentido. É porque ciúme é uma forma egoísta de amar. E o amor, filho, é passarinho... Esqueça não, Passarinho... 
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domingo, 2 de maio de 2010

O último suspiro de Buñuel

Livro lido há um tempão.  

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Meu último suspiro é um livro incrível do Luis Buñuel - não tanto pela linguagem, um pouco decepcionante para quem está acostumada com seus filmes, mas pela vida intensa deste cineasta. Ele conta seus feitos como se tudo tivesse sido por acaso, como se os acontecimentos da sua vida pudessem ocorrer com qualquer um.  Esta ideia sempre me  encantou: creditar as vitórias e também as derrotas a um caminho feito meio às cegas. Talvez por ele ser um gênio, assinalar a sua genialidade e a de seus amigos não teria cabimento.  Lembrou-me uma frase do Domingos de Oliveira. Em seu programa com a Deborah Colker, ele falou mais ou menos assim: "Como continua com esta simplicidade? Um  sábio não sabe que é sábio". E assim é Buñuel. Ao invés de apresentar um relato crítico, ele insiste em dizer que tudo foi obra de  alguns jovens que tinham em comum apenas a intensidade dos dias vividos em grupo.E neste tudo consta, por exemplo, o movimento surrealista (!!).

Os dias.  Espanha. Paris. As amizades da juventude - as únicas que ficam para sempre. Os amores. O amor. Um e outro acontecimento sobrenatural. Aquele encontro. O pai. A familia. A saudade do passado.  Acho que a vida, qualquer uma, é feita disto. Mudam-se os lugares, as pessoas, mas a base vem sempre do encontro, que é sempre um acaso.
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sábado, 1 de maio de 2010

Estaaindaeu

Saudade do blog. Saudade. Esquisito, né? Bem aqui, a saudade. Tanta gente tão longe. E a vida na correria. Sinto-me centrada. Todos os dias, os afazeres. Os afazeres de todos os dias. E ainda assim, feliz. Sim, feliz. É porque há uma brecha. É porque estou na Universidade. E eu queria ser isto: uma pesquisadora. É porque eu sou mãe. Não sabia que queria sê-lo, mas, sendo, sou por inteira um ser. E agora, aqui, eu e ele, ligeiramente bêbados. Por inteiros, cheios de ternuras. Se queres saber, ainda sou uma leitora. Dias e dias com Fernando Pessoa. E agora, tão aqui, Mário de Sá-Carneiro. Ah, ele que sofre. Ele, todo volúpia.Quando leio? Enquanto a Bisa não o deixa sentir minha falta. Belisque-me. Ou me deixe nesta ilusão: de que não importa o lá-fora. Aqui, somos por inteiros amores.
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