quarta-feira, 28 de abril de 2010

afff

Três dias sem telefone e semana sem internet. A Oitelecom fazendo das suas. Por outro lado, tempo para fazer uma porção de outras coisas. Poderia ser o paraíso. Tive até recaídas de leituras. Mas o fato é que hoje a internet é um mal necessário. A vida prática deixa de andar. 
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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, de Otto


Se o cd anterior de Otto era uma celebração ao amor (todo os seus fãs lembram que as músicas giram em torno de uma viagem feita com seu amor), este é um cd que canta as dores do amor quando ele acaba. E por isso é tão pujente, tão dolorosamente belo. Otto é uma figura ímpar na música brasileira contemporânea. Não tem o refinamento de um Lenine nem os trocadilhos geniais de um Zeca Baleiro (só para citar alguns dos seus "próximos"), mas tem uma candura visceral que não se encontra em qualquer um.

Ele cria versos pungentes, tais e quais as estocadas que o vimos dar nas fotografias do álbum. Amei o cd desde a primeira música: Crua: "há sempre um lado que pesa/ e outro lado que flutua a tua pele/ é crua". E o título é genial. Referência a Kafka, que nos ensina a estabelecer uma ligação com toda e qualquer vida que corre sem sentido. Otto goza. Otto sofre. E diz tudo em suas músicas. É muito foda. Ou é muita foda. Tudo transpira. Suas releituras de músicas bregas do passado dizem que todos temos um coração que sangra - frase brega por excelência. E quando ele urra com a sua voz está por inteiro tomado por essa breguice: "[...] nasceram flores/ num canto de um quarto/ escuro/ mas eu te juro/ são flores de um longo/ inverno".

Tem um verso mais lindo que o outro, mais perturbador que o outro: "conforto alucinante/ tranquilidade na clareira do caos". Até quando regrava, escolhe aquilo que é mais pungente: "beleza são coisas acesas por dentro" (Mautner e Jacobina).  E se no cd anterior, tinha a voz de Alessandra Negrini, o amor perdido, neste tem as belas vozes de Céu e de Julieta Venegas. Por essas e outras, esse cd não para de tocar aqui em casa.  
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terça-feira, 13 de abril de 2010

Quequéisso

Difícil. Algo entre muito e muito difícil. Por inteiro meu corpo reclama: todas as lutas reivindicatórias da mulher deram nisso? Eu falei para o Tatupai: "É porque antes eu vivia como homem, embora sempre tenha havido em mim uma porção mulherzinha". Gente, quequéisso? Impossível dar conta de tudo. Meu grau de exigência é grande. E o que tenho aprendido nestes dias é baixar a bola. Como ser professora, pesquisadora, mãe, mulher, donadecasa? E ainda ser leitora? Ainda ter tempo de encostar a cabeça na rede e ouvir um cd? E ver um filme? Por dez ou vinte minutos ler um livro fora do programado? ... Eu fico aqui, então, como quem sabe que a vida antiga me foi inteira roubada. E que a vida de agora, embora o tempo todo tenha me consumido, é muito boa. É porque ardo de desejos. É porque me queimo nas minhas neuroses. Por que, jesuscristinho, não consigo ficar em paz com uma casa pelos ares? Por que tenho vontades tantas? Talvez porque o corpo aguenta. Sábado, meus pés latejaram um tanto. Sete horas e meia falando para alunos que... deixa pra depois. E, no entanto, o depois sempre tão bom: filho nos braços. E tanta coisa - como se estes minutinhos de inteireza  fossem definidores de tudo que importa. Este sorriso de quem sabe que - ok - é difícil, mas é tão bonito.
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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Noiteadentro


Noiteadentro. Filhodormedepoisderesmungar. Maridoespera. Umaeoutraalegria. Eumedivirtonasaladeaula. Digoaosalunossemdizer: a-pro-vei-tem a beleza. hábeleza, podemcrer. Talvezporquepasseiodialendoflorbelaespanca. Comoébonito! Aqueladortãomaçante. É o que t-e-n-t-o: sempre a alegria. Sempre o desejo. Sempresempreoagora. Tudo em mim é imenso: osdesejososdesejos. Por isso compreendo tão bem. Porissoadmiroacasaquesefazaolonge. É seu único porto. Seu único amparo. A-M-P-A-R-O. Nem o meu, nem o seu, mas o dela. Perdoar é a grande sacada. Saber que todo e qualquer outro é uma bolha. Quando alguém gritar com você, e por isso você chorar, lembrar que nada é pessoal. O outro grita. Mas gritaria com qualquer outro. Não é por sua causa. Saberdissoéograndemilagre. É a chave. E sentir. Amar aquele menino doido e doído que já fui um dia. Amar este moço que me espera. Amar meu filho que dorme. E não me deixar levar pela ausência do que não tenho. Terei algum dia. Ounãoterei e aprendereiaconviver com isto. E o presente. É tão bonito. Étantooqueeuqueria. Merci,Tatu. Agora, sim, ir bem ali. Earquivartudo. O arquivo como um ato amoroso. De quem ama.

para o filho


Poeminha, você é um glutão - como o seu pai. Maça banana pêra caqui melancia melão uva, tudo você já comeu. E também feijão arroz carne peixe legumes. E sem passar no liquidificador. Você mastiga como quem sabe. Sorri, abre a boca, agita os bracinhos e vai provando os sabores do mundo. E não teve nenhuma dor de barriga, como tanto nos alertaram. Uma revolução, Poeminha, na nossa geladeira, sempre tão cheia de guloseimas industrializadas ou tão vazia de donos que almoçam fora. E, filho, ontem fiz seu primeiro almoço. E você logo vai saber: eu não sei cozinhar. E não gosto. Mesmo assim, senti-me tão orgulhosa, tão feliz fazendo a sua comida. Nem sucos eu sei fazer, filho. Ou melhor, não sabia. Diante de uma melancia: "e agora, põe água ou não?" E com o melão: "coa ou não coa?" E com as uvas: "tira as sementes?". Assim, filho, atrapalhada, eu vou me descobrindo, encontrando respostas que viram deliciosos sucos e almoços que passam pelo crivo do Tatupai, ele, sim, o cozinheiro da casa. Viu, filho? Você é um sortudo. E eu também: seu pai está aqui pronto para te salvar e  salvar a Tatumãe dos apuros da cozinha: "quanto tempo deixo a carne cozinhando?". "Ah, tá, então tá".
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sábado, 3 de abril de 2010

Decor

Eu gosto muito de blogs de decoração.
Acho que é meu lado voyeur espiando o gosto dos outros.
Ou será porque eu gosto muito de decoração?
Sempre bom buscar as causas menos psicanalíticas = rir de mim mesma como forma de não me levar tão a sério.
E mesmo assim, sempre me causa espanto ao perceber o quanto estes blogs têm seguidores.

Gosto especialmente destes:

http://www.desiretoinspire.net/
http://www.casadevalentina.blogspot.com/
http://www.decoeuracao.com/ 
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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Beckett fotografado

O que eu queria mesmo era ser a autora destas fotos.
Na impossibilidade, fico aqui sonhando com o livro.

BANIER, François-Marie. BECKETT. Gottingen: Steidl, 2009.
Imagens: http://www.fmbanier.com/node/2580
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