terça-feira, 17 de setembro de 2013

mariana e o futebol na praia

como pode, não é mesmo? eu ia escrever qualquer coisa triste aqui, resultado do acúmulo, do não saber como fazer em algumas situações. aí, mariana escreveu. escreveu tão bonito - algo que ela pensa que partiu de mim, mas que, na verdade, partiu dela. da beleza que transparece no seu jeito inteiro de ser. ela sabe, porque já lhe falei várias vezes. mas não custa repetir::: mariana me devolveu vários sentires - eu que andava tão sem acreditar na possibilidade de uma troca generosa. então, depois de ler o que ela me escreveu, fiquei fazendo conta de alegrias, buscando aqui e ali.

enquanto isso, procurava, de fato, algum livro sobre Brecht, porque eu sabia que tinha um em algum lugar neste espaço que ora chamo de escritório, ora chamo de biblioteca (e desconfio que chamo de escritório porque me envergonho da palavra biblioteca, como se fosse pedante dizer que tenho uma "biblioteca" em casa). e de repente, me entreguei inteira a esta alegria de ter, sim, uma biblioteca pessoal, individual, intransferível, no sentido de que quase tudo que tem aqui diz respeito a mim, só faz sentido a partir desta junção de variados temas que me interessam, dos quais eu sei ou gostaria de saber. o que explicaria um livro sobre teatro, bem aqui?

e depois de encontrar o livro, pensei ainda mais longe e lembrei de um das tardes em que estava em Porto de galinhas neste ano, quando fotografei um jogo de futebol na praia. dia de semana, à tarde, e todos aqueles jovens jogando futebol na praia. tirei várias fotografias, mesmo sem saber ajustar direito o foco. estava nublado e claro que a qualidade não ficou muito boa. não importa. registrei. e é outra alegria, mais uma. 

"obrigada, mariana, por ter me feito estar com um punhado de sentires esta noite. Com a alegria, sobretudo". e lembrar "do gostar do que se faz. Do querer o que se faz. Do se encantar com as coisas". é bonito demais, não? e é dela.

e com o futebol, novamente, à beira do mar:::









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sábado, 14 de setembro de 2013

cenas (ainda) de umas férias I





demorei muito pra chegar até aqui, neste momento de delicadeza. entre minha avó materna e meu filho, vivi muitas Milenas. algumas das quais tenho muito apreço e outras que tenho até mesmo uma certa vergonha. de todo modo, acho bonito este percurso, que indica um sem-fim de mudanças. o que não mudei, todas os dias, bate à porte. mas o que mudei, idem. 


arev é um amor antigo e duradouro. quando nos conhecemos, só havia em nós uma alegria genuína no meio de um grande deserto. éramos quase sozinhas no mundo. mas tínhamos a certeza de um estar no mundo com inteireza. sua risada, seu despudor, sua coragem de lidar com o mundo, me inspiram desde lá. então, sair de uma cidade a outra, 22h, só para poder passar umas três horas com ela (com eles), não é nada, perto do que ela diz para meu coração. 


descobri com certa tristeza que o mundo que a vida toda meu pai habitou não era um mundo de sonhos, como imaginei desde menina. por um longo tempo, reconstituí a minha maneira este lugar, gastando longas horas na criação de outros mundos, sendo neles tudo que eu jamais poderia ser na vida fora dos sonhos. fazia o que eu imaginava que ele fazia. e ao indagar que lugar é este tão cheio de sombras, o que quis arrancar dele foi este sorriso, quase envergonhado, que de algum modo deve lhe dizer como em nós há um amor infindo por ele.



não é pouca coisa o que trago em mim em relação a elas.  é um amor que sabe que é amor. que é todo sentimento. eu conto uma historinha particular sobre o fato de sermos tão unidas. não cabe aqui. sei que somos. sei que de modos diferentes cada uma salvou minha vida em determinado momento. e sei que me amam. e não me venham com história:::: saber-se amada é meio caminho... 
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e em tudo está Poeminha. sempre um agradecimento por senti-lo assim, tão amoroso. meu maior desejo é que ele continue aberto a tanto carinho. meu filho vai fazer 04 anos, e desde lá não há um só dia em que eu não bendiga o seu estar no mundo ao meu lado. se ele se fizer assim, amando os que estão ali, amando-o também, já lhe terei dito muito do que eu mesma penso ser o mais bonito acerca da vida.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

4º silic


De bandeja eu te daria
Se ao meu alcance
O lance da alegria
O presente deste instante.



Os maiores hiatos do "nenhum lugar" têm a ver com completude, com inteireza. Há longos intervalos que, de certo modo, não precisam de registro, pois ficarão em mim de qualquer jeito. Ou do jeito mais bonito para uma desmemoriada como eu: como lampejos. Lampejos de boniteza. 

Foi assim com o 4º Silic - Simpósio de Literatura Contemporânea. Acho bonito como chegamos até aqui - num evento que já não me recordo exatamente como começou. Sei que Rosana teve a ideia, sei que desde o primeiro foi uma lindeza. Sei que a 2ª edição foi super emocionante porque, afinal, eu era ali uma sobrevivente. E o 3º foi o que pode ser chamado de sucesso. Incrivelmente bem pensado. Porém, eu não queria, dessa vez, a mesma competência. Queria de volta o afeto. De volta, o querer fazer. E a alegria da realização. 

Senti uma vontade imensa de reunir pessoas que eu amava de verdade - a quem o Silic dizia respeito. E tenho a sorte de ter amigos muito sabidos - e que por isso compõem a história do Silic. Desde a escolha do tema, que, nesse ano, deve largamente ao pensamento de Marcos::: "as intermitências da crise", ficou bonito. Foi realmente uma grande emoção: Marcos Siscar, Marcio Renato, Marinalva. Binho, Evando Nascimento, Mariana, Rômulo, Dariete, Berenice. E ainda teve Florência Garramuño, que não conhecíamos, mas que conquistou a todos pela generosidade com que aceitou a longa estrada. E teve o sonho de receber Luiz Costa Lima, que ainda que irrealizado tocou o coração de todos nós. Tudo foi uma grande conversa, um sem-fim de risadas e cumplicidade. Pareço descrever um evento acadêmico? pois foi assim, assino. 

Aconteceu, ainda, o 1º Seminário Interno do Gepec, com a presença de professoras convidadas, Walnice e Simone, que foram tão generosas. Aliás, não faltou generosidade. Mergulhamos todos numa rede de afetos. Também no Seminário de Integração houve muito a dizer e muito a ouvir. E o que foi aquela conversa com o Marcos e o Evando, orquestrada por Mariana, Rômulo e Dariete? Que lindeza! E a ansiedade de Tatupai e Neto para vencer a distância de Costa Lima e nós? E a manhã de sábado com tanta gente para ouvir o Binho falar de um livro de literatura contemporânea? E a tarde, muitos ali, com "Linha de passe"? E o discurso de Marcio sobre nós? Como ele pode achar que pode pegar mal, se o seu coração todo estava ali, deixando-nos atordoados de amor? E Marcos falando mais de uma hora e meia com a sua voz de quem sabe tanto sobre o que fala quanto sobre o afeto? E Evando dizendo que havia sido o convite do Silic que o havia inspirado a escrever um texto tão longo? E Celso, todo inteiro a ofertar sua amizade na beleza do seu drama? E todos eles, aqui em casa? Mais de 100 alunos vieram de Guajará-Mirim, Porto Velho e Tangará da Serra, depositando em nós a alegria de uma grande jornada. Digo assim, sem nenhuma vaidade, com o sentimento de quem passou vários dias com o coração na mão, entregando-o a quem o merecesse. As noites aqui em casa foram longas. Um banquete, sempre. Tatupai cuidando de tudo. E Poeminha perambulando todo livre, encantado entre a multidão, com suas mil balas na mão? E os dias, também. Mariamada ficou aqui e tê-la na minha casa pareceu-me de uma beleza incomum e ao mesmo tempo tão natural. É isto: havia um lastro de história e, com isso, um lastro de amor.

Daí porque não posso cair na tentação de descrever um ou outro acontecimento. Foram tantos. E foram todos muito especiais. E ainda assim caio. Se me perguntarem por que insisto tanto na alegria, a resposta está em momentos como este. como este: "eu gosto tanto de você".
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