sábado, 15 de junho de 2013

texto sobre poesia

terminei o texto sobre marcos. noites e noites sobre a palavra de um outro. um outro determinante na minha formação acadêmica e mesmo no modo como tento me colocar no mundo. 

o que aprendi com o marcos só fui processar muitos anos depois. o que aprendi com mariamada também. na época, eu estava muito absorta exercendo meu egoísmo e meu deslumbramento diante das coisas do mundo. acho que nunca vou me arrepender daquela intensidade toda. mas quando olho para trás sinto imensa vontade de dar um passo atrás e me deixar levar pelo braço. o que teria sido meu doutorado se tivesse deixado que marcos e mariamada fossem ainda mais presentes?

acho que é por isso que volta e meia peço para ele ler um texto meu e que agora esteja empolgada com a possibilidade  de desenvolver um trabalho com ela. quando vim para cá perdi todas as pessoas que determinavam a minha vida de uma maneira muito intensa. e também só fui sentir falta disso muito tempo depois. agora, o que me vem são todos esses aprendizados. e amo estas pessoas de um modo ainda mais forte. agora sobreponho a esse sentimento de deslocamento uma vontade ainda mais bonita de estar com eles. e de estar com todos de uma forma ainda mais inteira. ainda que eu me ausente.

só queria registrar isso. que continuo firme. e estou inteira. já fez um ano que, perdida lá em Belém, carregando as dores todas de uma vida dos últimos três anos, ao invés de sucumbir, eu resolvi sair dali, daquele lugar incômodo de desesperança. contou muito a risada do meu amigo Rivero, que me fez recordar quem eu era antes. foi fácil não. mas o que é fácil? e ainda que eles não saibam, foi neles que mirei. mirei naquela manhã remota em que marcos me disse que sabidinha como eu havia muitas e a diferença não estava ali, mas no que eu deveria fazer a partir dessa condição. ninguém nunca me havia dito nada parecido.  talvez só Manamácia, quando eu tinha 15 anos e saía da casa dos meus pais para nunca mais voltar. na época, ela me escreveu dizendo que havia um mundo a enfrentar e que eu o fizesse com coragem. também mirei na mariamada e nas tantas vezes em que ela apostou todas as fichas em mim, mesmo quando egoísta e teimosa eu me recusava a ouvi-la, como se ouvi-la significasse sucumbir a um mando que fugi toda a minha vida. agora sei que tudo isso foram ensinamentos que me levaram ao movimento, ainda que intempestivamente.

será que envelhecer é isso? ver tudo com tanta clareza? minimizar os próprios acertos e maximizar o dos outros?  talvez sim. e se for, estou gostando muito da experiência. 
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(e o título se explica porque o texto que eu fiz é sobre a poesia de marcos).  

quinta-feira, 6 de junho de 2013

cena caseira

como diz o Tatupai, agora temos um filho e uma gata. ela veio. recusou-se a ir embora. e agora, sonolentamente, acompanha meus dias e minhas noites enquanto escrevo.