Nelson Freire é um duende. Eu que nada entendo de música clássica passo horas ouvindo-o tocar Chopin. Com o coração aos saltos, fui ouvi-lo de perto no Cultura Artística, na terça-feira, dia 6. Vinha de longe o meu desejo. A série era azul: o último programa foi 23 minutos de Chopin:
Sonata para piano n. 3, em Si menor, opus 58. Tantos números compõem a minha emoção. Penso que não desgrudei meu olhar um minuto do seu rosto (impossibilitada que estava de ver as suas mãos) – e senti tanta emoção ao ver expressa no rosto de Nelson Freire sua emoção ao tocar. Foi difícil segurar os soluços. As lágrimas nem tentei. Meu coração estava sobressaltado e continuou assim por muito tempo depois. Na noite fria, eu sentia em mim tanta doçura, daquelas que apenas um verdadeiro artista pode nos fazer sentir. Não era felicidade o que me acompanhava. Era espanto.
1 Palavrinhas:
e, como diz o outro, o conhecimento nasce do espanto
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