quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ansiedade mundana

Calma, calma. como toda grávida, eu estou ansiosa. Mas a ansiedade do título deve-se a algo mais, digamos, mundano. Junto com o quarto do Poeminha, eu e Tatu cometemos a loucura de mandar fazer um móvel para os CDs. Criamos o modelo a partir de um que vimos em uma revista. Pronto, virou desejo de última hora, embora o bom senso soltasse alerta vermelho a cada segundo. Como boa teimosa, ignorei todos os piscaspiscas, rebatendo-os com frases como: "Quando Poeminha nascer, ele vai puxar as caixas de cds que vão cair na cabeça dele". A avó dele, como já anunciei aqui, concordou comigo. O certo é que agora o móvel, depois de remodelado, acrescido, deve chegar a qualquer momento e vai ocupar uma parede inteira. Um móvel para 1000 cds. Inicialmente, o projeto era para 600 cds. Eu chutei este número por alto. mas quando tivemos que fechar o projeto, o jeito foi contar um por um e, para minha surpresa, chegamos nesta conta medonha. E esse número continua aumentando, porque eu sou das "antigas", gosto mesmo é de ter o cd, e não apenas baixar músicas na internet.

Porém, se móvel planejado é bom, porque sai do modelo que queremos, é também um saco, porque tem prazo longo de entrega. E eu que até gostava de como os cds estavam, agora, a cada vez que passo por eles, suspiro, imaginando que muito em breve eles terão um lugar à altura. Este lugar à altura foi a frase mais dita pelo vendedor para nos convencer ante a exorbitância que nos cobrou. Mal sabia ele que eu já estava convencida. Para afagar ainda mais meu ego, ele chegou a perguntar se alguém tinha decorado o apartamento, acrescentando que era muito original, muito bonito. Toda prosa, embora ciente da estratégia ali embutida, agradeci com aquele ar de humilde que fazemos quando, no fundo, estamos envaidecidas até o último fio do cabelo.

Definitivamente, eu sou um ser anfíbio, imersa em desejos. Já desisti de fazer ar blasé de quem não está nem aí para o supérfluo. Construo uma casa com afeto, embora ainda não tenha uma. Tenho o que dentro coloquei. Se minha casa é original, como disse o vendedor, é porque ela está carregada de história. Tem objetos caros, mas muito mais de valor emocional. Por toda parte, há minha autobiografia espalhada. Há mesmo uma certa poluição visual - casa à la almodovar: cores, livros, cds, malas espalhados, objetos que me fascinaram por uma ou outra razão. Vendo por este lado, sou muito mais cronópio do que esperança no que se refere à casa: uma esperança compraria, primeiro, um fogão ou um sofá, mas como boa cronopiana, prefiro antes um objeto com a função primeva de deleitar meus olhos, como esta estante que agora espero.
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5 Palavrinhas:

Rubiane disse...

Você merece tudo e muito mais.

Márcia disse...

E que chegue logo!!! Eu também sou assim como você. Quando desejo ter algo a ansiedade me devora.

Cristina Soares disse...

Hahaha !! Eu guardava os CDs na parte inferior da estante da sala, e tinha portas. Quando o meu "poeminha" já estava espertinho e engatinhando ele adorava abrir estas mesmas portas e puxar todas as caixinhas de CDs, abrir uma por uma, trocar os CDs, jogar tudo de volta lá pra dentro... aiiin, perdi vários CDs, mas não perdi minha paciência !! hihihih ! Ri muito com a história de vc ficar envaidecida ! Curte, vai curtindo porque cada vez fica melhor !! beijo !!!!

euza disse...

Menina, como eu me vi em vc neste texto! Tb sou assim... qdo me encanto com uma idéia, movo céus e terra pra concretizá-la. Nem sempre é algo oneroso. Mas qdo é, fico deste jeitinho... um pedaco cobrando outro se encantando! rs...
Delícia de texto, viu? Nada como saber transformar o cotidiano em poesia!
Beijocas

a vida é bela disse...

Um dia quero conhecer essa casa composta de desejos,livros e muita poesia, só para sentar no chão e ouvir música!!!
Beijos
Vanessa