terça-feira, 17 de maio de 2011

bizarrices

não faço parte dos doisbilhões (!!!) de pessoas que assistiram ao "casamento real". eu até achei que veria algo na reapresentação do Fantástico, na Globonews, mas na hora de começar, veio a notícia da morte de Bin Laden e, em lugar do Fantástico, apareceram ininterruptamente imagens do "terrorista mais procurado do mundo". 

achei que essa "coincidência" diz muito sobre nosso tempo e sobre o modo como vivo esse tempo. não vou aqui detalhar porque acho tão estranha a estranha lei de "olho por olho, dente por dente". não sei se seria justa com tantas vidas que se foram. mas não posso deixar de dizer que acho deprimente o modo como absorvemos discursos artificiais e tornamos nossas algumas palavras que, de fato, não são nossas. são construtos de uma época. "guerra ao terror" é uma dessas expressões forjadas. 

e qual é mesmo a graça de observar dia após dia um casamento? o que há de anormal no fato de um casal de jovem resolver casar? só se for pela longevidade do namoro. e os elogios pra lá de exagerados à noiva? é como se de repente todo o nosso imaginário tivesse sido suplantado. desde quando o "ocidental" acha algo de extraordinário numa moça com tão poucos atributos? esta moça me parece um moça comum, com um rosto mais para feio do que para bonito, envelhecido pela dieta draconiana que teve de suportar para estar "linda" no dia do casamento. e que se veste de uma maneira insuportavelmente careta para a sua idade. fiquei imaginando por quanto tempo ela vai suportar as lentes do mundo voltada para ela. quanto tempo demorará para enlouquecer. 

Enfim, achei bom não ter tempo para vivenciar essa histeria coletiva. bizarrices. de um lado, um morto; de outro, uma viva emparedada. ando tentada a pensar que faltam às pessoas experiências reais. faltam vivências que suplantem os contos de fadas que outros supostamente vivem. eu ando meio histérica - envolvida com um tanto de coisas: umas que quero muito e outras que ajudam a pagar as contas fim de mês. mas me consola saber que são minhas experiências. é minha vida. minhas decisões. meus impasses. é meu brilho no olho - que compartilho com o filho. este que sorri deste modo tão inteiro. falei dias desses para um grupo de alunos que só sei ser assim: na paixão. pode ser uma imagem e nem ser real. mas me sustenta. ao menos, não sou espectadora da vida dos outros (embora não me furte de dar uma olhadela). sou a protagonista de mim. 
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2 Palavrinhas:

Halem Souza disse...

Você usou dois termos interessantes na sua postagem: bizarrice e histeria coletiva.

Embora bizarrice tenha algumas acepções de sentido negativo, gosto da palavra. Acho que outra, mais adequada para descrever a absorção e o tratamento desses fatos mencionados por você pelos veículos de comunicação de massa, fala melhor sobre tudo isso: grotesco.

Quanto à histeria coletiva, esse parece ser um estado característico de nossa época, junto com a depressão, a ansiedade e o hedonismo. O que fazer? Prefiro ler bons poetas, eu que não sou protagonista de nada, hehehe...

Um abraço.

Pips Marshall disse...

Prefiro a Fiona!!! beijos