domingo, 22 de janeiro de 2012

os dias com ela

o fim de ano foi mesmo, para mim, fim de feira. queria escrever, mas calei. e já estamos quase chegando ao fim de janeiro. tempo tempo tempo. escrevi para mariamada: "conviver com amores partidos é como caminhar num campo de flores com cacos de vidros escondidos". eu passei anos me cuidando para não me sentir assim em relação a ela. aí, ela veio. e algo se partiu, sem palavras, sem grandes gestos. e quase sem nenhuma lágrima. e agora... é agora. jámeiodistanciadadosdiascomela, eu me pergunto ora por que ora se precisaria ser assim. ela -  que tem nela uma amargura atávica àquelas a quem pôs no mundo. 

e se um silêncio indeciso toma conta de meus dias, algumas alegrias apontam para o porvir. porque o tempo - e o horror que ele nos impõe - às vezes nos faz desviar do travo amargo. e ainda que reste em mim cinzas que teimem em não desaparecerem no ar, que existam sobras que exalem um cheiro de podre, eu carrego amores imensos. e são eles que protegerão meu filho de mim, uma mãe também. assim:::: um buraco na fechadura, um afagar de mãos antes que o sono tome de conta, um abraço que só alcança a perna, mas que se balança e pede um minuto de amor - que se estende por dias infindos. um passarinho. e eu me esforço para enxugar as asas que por ora, molhadas, pesam sobre mim. para ser, de verdade, uma mãe. não uma mãe triste. uma mãe. que ama.
*
*
*
Categories:

2 Palavrinhas:

Márcia Mura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Márcia Mura disse...

sua escrita atravessa como uma lâmina a existência...