quinta-feira, 21 de março de 2013

estou lendo ana c.

estou lendo Ana C. suas  cartas. fico toda dolorida. como é que não teve forças para envelhecer? um pouquinho mais de - coragem?. sei que fico com dor no peito. uma intimidade quase ultrajante. é isso ler cartas, não? invadir a privacidade do outro. ainda que o outro não se desfaça do estilo, como ela confessa - culpada - diversas vezes.

na semana, vi Cesar deve morrer, dos irmãos Taviani, enquanto dormitava. quem sou? tem algo dessa pergunta em todo Shakespeare. e é o que possibilita toda a entrega dos presidiários no filme. ser outros. ser. é tudo tão contido que custo a acreditar que não há ali atores - o traço limítrofe da especialização, da profissionalização. me deu vontade de querer outra coisa. e desde lá, uma frase não sai de mim: "falta tempo para sermos o que queremos ser".

onde estará aquela moça em frente à janela com cortinas de tecido cru? sinto falta dela, ainda que agora as portas sejam amarelas. 
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2 Palavrinhas:

Halem Souza disse...

Tenho, ultimamente, pensado muito nessa questão da "invasão da privacidade" (também nesse sentido menos "maligno" mencionado por você) Há, é claro, a curiosidade. Mas também, penso eu, há a tentiva de compreender o outro, não?

Ah, e acho que, na verdade, muito pouca gente tem força pra envelhecer. E coragem, talvez, seja justamente o que motivou a decisão extrema do suicídio.

Estava com saudade de conversar com você.

Um abraço.

Lucianne Menoli disse...

Oi Milena... quanto tempo...

Pois é, vida que muda sempre, vida corrida sempre. Mas ainda estou aqui, ainda com coragem pra envelhecer, rsss.

Também estou lendo Ana C. e Cacaso, estou fazendo um trabalho sobre os dois, engraçado que lembrei outro dia que você fez uma tese, não foi? sobre a poesia de Cacaso, ou sobre ele...

Enfim, estou com saudades, precisamos retomar contato!!! Beijos enormes de sua amiga mineirinha, Luciane.