dessa vez, me deu preguiça de pesquisar sobre a cidade. achei que o olhar do outro era suficiente. eu vinha de uma rotina de tanto trabalho e tanto enfrentamento. não quis saber de nada a não ser estar em outro lugar. e que lugar, não? é imaginário, como tudo. para mim, Borges está em cada esquina. foi aqui que ele viveu, que um dia enxergou e que depois se descobriu cego. é tudo tão gigantesco que tenho medo de pensar. então, caminho sobre os passos dos outros. fico bêbada da cidade. e depois, sóbria. o que nos faz estar viva? a literatura tem alguma importância? faz importância eu pensar em Borges, Cortázar e Casares enquanto caminho pela cidade? é o que pensei em algum momento, enquanto passávamos de um restaurante a outro, de um bar a outro. a segurança, ou ingênua ou real, é palpável em Buenos Aires. nada nos faz ter medo. os noticiários nos falam da crise, mas, para nosso olho do viajante, a crise só existe nas formas escritas dos protestos que tomam conta das ruas. Buenos Aires, assim, parece uma cidade inofensiva. os táxis são baratos, os restaurantes servem porções generosas de comidas deliciosas, o vinho é bom e barato, a cerveja é de um litro, as ruas são largas e antigas. dá vontade de caminhar com passo lento. mas o turista é ansioso por excelência. vamos de um lugar a outro, ávidos por mais um lugar. e assim passam os dias.
1 Palavrinhas:
Puxa! Sempre pensei ir a Buenos Aires. Minhas primas vão, todo ano. Adoram e falaram tanto que também penso: vou adorar! Tenho lido com muita atenção o Borges. Alucinante. Lindo. Borges. Sempre adorei Cortázar, desde o primeiro livro. As histórias de cronópios, que já cheguei a ter dois ou três volumes em casa, só para presentear. Mi. Lindo! Que viagem linda você fez! E eu fico pensando que o espírito é outro, que, como em Portugal, as porções são sempre generosas! E o vinho sempre muito bom e acessível! Por que no Brasil não? E eles estão em crise! Imagine se não estivessem! Adivinhe? rs
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