quinta-feira, 20 de março de 2008

Ultima semana de tese

(considerem que meu computa francês não possui alguns acentos)

Estou na minha ultima semana de tese. Imaginem uma "moça" sentada dia e noite tentando alcançar o que não alcançou em quatro anos. Pode parecer dolorido, mas não o é. Não para mim. Tem algo de dionisiaco nos meus gestos - uma alegria irresponsavel por tudo que esta tese me deu. Eu acho que ganhei muito. Muito mais do que estou sendo capaz de transformar em escrita. O que eu penso mesmo da minha vida é que a cada dia tenho aprendido a vivê-la melhor, cumprindo a minha promessa feita ha tantos anos. Hoje, enquanto carregava a minha impressora pesada no metrô porque ela resolveu não funcionar mais, fiquei pensando que o fato de eu me autodenominar "não mais cristã", advenha do fato que me recuso a sentir culpas. Recuso-me a todas estas leis cristãs que nos dizem tão descaradamente que devemos padecer aqui na terra; Eu não quero padecer, porque tenho ca pra mim que todo padecimento - dadas as boas condições em que vivo - seriam meros muxoxos que so serviriam para alimentar meu ego que se julgaria preocupado com o que os "simples mortais" não se preocupam. Eu me preocupo bastante, eu choro bastante, eu devaneio muito, eu me enfezo mais do que percebem normalmente, mas trago em mim um profundo amor pelo insignificante, pelo contentamento, pela euforia. Eu faço questão de não me levar a sério - e acho muito chatas as pessoas que se levam totalmente a sério. Tenho fascinio pelos loucos, pelos degredados filhos de Eva... Sou capaz de morrer defendendo quem não tem nenhuma razão. O que gosto mesmo é de ver a loucura transbordando nas palavras, nos gestos, nos minimos rumores, nos maximos humores; e é por isso que escrevo minha tese sobre Derrida. Não vou falar aqui de Derrida - do não lido e do não compreendido Derrida. Vou dizer apenas que o adoro - inclusive o que não entendo. O que me fascina é minha aventura pessoal por isto que não é de todo compreensivel. Odeio textos faceis demais, que não mexem com meus brios, que não me deixam nervosamente enfeitiçada! Se me pedirem uma unica razão porque faço o que faço, direi: porque nunca soube onde isso iria dar. E ainda agora não sei.
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6 Palavrinhas:

Anônimo disse...

Milena, também tenho fascinação pelos loucos e acredito que todos nos temos uma loucurinha humana, beijos

Ingrid

Anônimo disse...

Você não parece ser do tipo que se "enfeza muito"... De todo modo, fiquei intrigado ao ler este seu pequeno "retrato 3x4". E ver como somos diferentes: eu, por exemplo, não consigo (embora tente bastante) deixar de me levar a sério. E não "morreria defendendo quem não tem razão" Daí, sofro muito e carrego essas "culpas" de que você fala, apesar de ser ateu.

De todo modo. boa semana e muita tranqüilidade no arremate do trabalho. Um abraço.

Olga de Mello disse...

As dúvidas surgem sempre, Milena. Só o inconseqüente não se questiona jamais.
Vá em frente, sem perder a ternura...
beijo!

Fabiano Rabelo disse...

"O homem só é sagrado quando se deixa cair, quando desliga, quando se expande"

Calvino

Rafinha... disse...

Nossa, gostei muito do seu texto, vou guardar o link pra passar aqui de vez em quando.

Bjos!

Cristina Soares disse...

Garota !! Assino embaixo e concordo com tudo, principalmente na parte das culpas !!!!!! Nossa, parece que vc escreveu um texto saído do profundo do meu coração... apesar de eu não ter capacidade de expôr meus sentimentos em palavras assim tão bem quanto vc !!! Após a TESE, Vida Nova !!!!! Um abraço