sábado, 5 de novembro de 2011

greve na Unir


Estamos em greve há mais de um mês. E numa greve, os desgastes são muitos. Mas as razões da greve são tantas que é impossível não aderir. Muito antes da greve, numa reunião com a pró-reitora de pesquisa à época, eu já havia "jogado lama no ventilador", bem no meu perfil "justiceira", criando aquele tipo de momento constrangedor em que ninguém lhe apoia, pois os dividendos são sempre muitos. E isso porque desde que eu virei professora da instituição, há três anos, me assombram a incompetência e o descaso dos dirigentes com questões extremamente relevantes para a qualidade do ensino.
A situação é tão ruim que, na verdade, a pauta é única: a saída do reitor. Os passarinhos e as aves de rapina estão unidos num mesmo propósito. Fica, assim, muito difícil voar sob este céu em chamas. Porém, não deixa de ser bonito presenciar e participar desta espécie de ato simbólico diante de tanta incompetência, compadrio, ingerência e, provavelmente, corrupção (não pode haver prova maior do que a Fundação da Universidade ter sido interditada pelo Ministério Público, sob todo tipo de acusação!).

Eu conheço a Unir há mais de15 anos, e o que mais me abisma é como a incompetência e a burrice são premiadas, ininterruptamente, com cargos e mais cargos. E não há políticas de apoio que resolvam isto se o problema, de fato, consiste no quadro pouco especializado da universidade. E não falo de títulos, pois de um modo ou de outro, muitos professores arrotam sua titulação. Falo mesmo de mentes capazes de pensar a Universidade como Universidade. Neste sentido, basta observar os atos das pessoas favoráveis à permanência do reitor. É uma ação mais tresloucada que a outra, como se houvesse uma inércia geral de elaboração de pensamento. Um exemplo: as pró-reitorias cortaram as bolsas dos alunos e colocaram no site da universidade que isso se deve ao fato de os alunos terem ocupado a reitoria, como se qualquer pessoa no mundo não soubesse que uma das maiores vantagens da prestação de serviços hoje fossem  a sua virtualidade. Qualquer reorganização interna e eficiente, uma vez que apenas o prédio da reitoria foi ocupado pelos estudantes, resolveria esta questão, mas o ato da Administração superior consistiu em elencar, no próprio site da Universidade, 20 itens como este, como um gigantesco atestado da incapacidade de pensar daqueles que ocupam os cargos administrativos da universidade, como se escrevessem em suas testas: "ao tratá-los como idiotas, eu mostro a minha idiotia em todo o esplendor". Enfim, agiram e agem como todo arrogante, proferindo ameaças, distribuindo represálias, espalhando intimidações. Estão tratando a greve como se estivessem no setor privado e pudessem a qualquer momento demitir todo mundo. Isso só serviu para lembrar, até àqueles mais acomodados, de que isso não pode ser feito.

E o que começou com um movimento desorganizado, como quase toda greve hoje em dia, ganha força cada vez mais. O movimento grevista soube articular-se rapidamente diante da truculência, da ineficiência e da soberba daqueles que, em tese, deveriam conter a crise. E é por essas e outras que eu estou em greve. Poderia não estar, porque tenho horror aos jogos de interesse que acabam por surgir em momentos como estes. Porém, melhor isto do que virar às costas a tanto horror e iniquidade, como diria Caetano.
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2 Palavrinhas:

homuseconomicus disse...

Na pressa, utilizam até de plágio pra escrever "difícil" e tentar enrolar os desenrolados. Se o reitor faz plágio, o que posso falar para os alunos da UNIR?

Mácia disse...

Mana existe duas pragas nas instituições públicas destruindo a vida das pessoas. O corporativismo e a gestão de pessoas que sequer sabem o que significa ser um gestor, estes devem ter competência até para gerir os conflitos e adquirir saídas ao invés de tornarem-se as vítimas.
bjbj