terça-feira, 29 de dezembro de 2009

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Tenho vontade de sair pelo mundo. E às vezes cantarolo baixinho com algum espanto e algum medo: "será que eu vou virar bolor?". Sempre muitas perguntas no fim do ano, mesmo que se preencha todo o tempo. Deve ser por isso. Preencher tudo para que não sobre nenhuma pergunta. Eu gosto de perguntar. Mas às vezes, muito medo de responder. Sou muito lúcida. Sou. E por sê-lo, por vezes fujo. Viver no exílio é sempre uma forma de vivenciar a dor. E eu me sinto no exílio. Embora me sinta em casa. Contradições de que a vida é feita. Ano 10 depois do fim do mundo. Tempo tempo tempo. Ano lindo, este que está passando. Um pedaço de mim foi gerado, cresceu, saiu para o mundo e agora está aqui por inteiro. Não tem nada igual. Procuro alguma foto no hd para dizer que ainda assim algumas vezes sou só eu. Eu na minha cabeça. com minhas vontades meus desejos minhas frustrações. Mas não tenho nenhuma foto sozinha no último ano. E isso me assusta um pouco. Um bocado. Então me sobra uma foto do palhaço do cirque de soleil - um momento todo meu. Mais não digo. Divã online pede sutileza. Elegância não faz mal. E por falar em elegância, hoje eu estava no supermercado, uma gripe de dá dó, e vejo uma moça elegantíssima. Nada fora do lugar. E antes que eu sentisse inveja, ou motivada pela inveja, um pensamento me cai como um raio: "que tipo de gente se produz assim para vir ao supermercado? é o cúmulo da deselengância". Ponto de vista. Gostar de cara lavada e sandália havaiana dá nisso. Então tá. Estou lendo Ulisses. Há três dias, acordei decidida a ir até ao fim desta vez. Por que? cansei de ir de um livro a outro. Exceto Maus, nenhum de fato realmente me arrebatou. Um ou outro me encantou, me divertiu, fez passar o tempo, mas... sempre o mas. Acho que é hora de. Estou em busca, eis. Ainda sou aquela menina.
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