domingo, 17 de julho de 2011

oswald e antonio candido


Homenagear um escritor é criar um factóide. E quando é num evento em que ele mesmo é um factóide, tudo fica meio exagerado. Broches, camisetas, canecas, cartazes, Oswald de Andrade estava em todo lugar em Parati. Ainda com meus botões, eu pensei::: e por que não? e se um factóide criar a possibilidade de um escritor não ser esquecido? e se pessoas, a partir de agora, lerem o Oswald, devido a esse falatório todo? Que mal há nisso? Antonio Candido, na primeira conferência da FLIP, apresentou-se como um sobrevivente. E contou histórias sobre o irrequieto Oswald como alguém que sabe que a morte está mais próxima do que longe. Senti-me parte da História - algo como::: não fui contemporânea de Oswald, mas esta voz me faz próxima de sua beleza agridoce. A primeira lágrima de emoção na FLIP veio daí. Da emoção de ouvir Antonio Candido, que, de forma unânime, é o mais influente crítico literário brasileiro, embora a minha formação não tenha me encaminhado para a veneração unânime que todos têm por ele. Diante da sua voz, isso ficou sem importância, porque veio de chofre a certeza de estar diante de um homem que dedicou toda a sua vida à literatura.
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A aula do meu concurso para ingresso na Universidade foi sobre a prosa de Oswald e Mário de Andrade. E sob o risco de ser questionada pela banca, eu pautei meu discurso defendendo a originalidade de Oswald, tão ou mais transgressora do que a de Mário de Andrade. A ideia que tenho de "moderno" é uma representação clara da figura de Oswald - um criador que é também uma obra. Então, eu me senti em casa nesta "homenagem".
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