Eu conheci a poesia através do meu amigo Binho. Trago em mim aqueles dias de conversas sem fim. E ele é um poeta visceralmente apaixonado pela poesia concreta. Fui por esse caminho, embora ainda hoje não seja grande leitora de poesia – aliás, não sou grande em nada. Dispersa, cultivo diversas paixões, que me causam muito mais experiências do que conhecimento. Para se ter conhecimento, é preciso memória. E eu sou desprovida de tal. Então, não à toa, chegando a São Paulo, depois de 24 horas entre ônibus, aviões e aeroportos, eu tenha ido assistir a um pedacinho da Balada literária, justo aquele pedacinho em que estavam Augusto de Campos, o homenageado desse ano, e Caetano Veloso. Eh momento raro! Podem dizer o que quiserem, mas eu era toda emoção quando os vi bem a minha frente. Não podia nem abrir a boca para reclamar de um tal Vitor que, ao mesmo tempo sabido e inconveniente, tumultuava o pequeno salão do B_arco. Se abrisse a boca, cairia no choro. E foi assim que os ouvi, relatando curiosidades, encontros, trocando gentilezas, agindo como se confidenciassem a nós o amor mútuo de uma vida inteira. Assistir a esse encontro não acrescentou nada ao que eu já sabia sobre eles, sobre poesia, sobre o tropicalismo. Tudo está nos livros. E eu não sei mais dizer quantos livros já li sobre o assuntoo, sempre com interesse constante. E a música de Caetano nunca para de tocar na vitrola daqui de casa. Para mim, seus movimentos foram determinantes para a música e a literatura no Brasil. Por que, então, a necessidade de vê-los e ouvi-los de perto? Talvez pela desimportância, para poder guardar no meu íntimo a alegria de ter visto dois seres que, sem jamais terem dirigido algo diretamente a mim, há tanto tempo fazem parte da minha vida.
5 mulheres para acompanhar os passos:
Há 8 anos
2 Palavrinhas:
Que delícia e que saudade de tudo!!! beijos Mi
Fabiolabela, eu também, às vezes, sinto saudade de tudo. Beijo grande de novo ano.
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