quarta-feira, 2 de abril de 2008

A “música popular planetária” de Lenine

Vamos ver se agora, depois da “ditacuja”, escreverei um pouco mais para além do meu umbigo ou ao menos que este umbigo se estenda a assuntos que possam interessar a meus três ou quatro leitores. Tentemos, pois!

Neste fim de semana, eu e o amado fomos ao show do Lenine. É a segunda vez que o vejo neste ano. A primeira foi no carnaval de Recife. Não é nenhuma novidade que acho Lenine, senão o melhor músico de nossos tempos, um dos mais inventivos e coerentes com a sua trajetória, que se mantém entre a cultura popular, pop, com veia roqueira, eletroacústica e mpbística. Nesta (in)definição, já sopram os ares da inquietação – marca forte deste pernambucano que deu um baque solto nos nossos ouvidos já em 1983, quando eu ainda nem tinha entrado na adolescência e só sabia que música era aquilo que tocava no radinho das minhas irmãs. Foi com olho de peixe, parceria inspiradíssima com Marcos Suzano, de 1993, que, a meu ver, todo o talento de Lenine se expandiu e não mais o abandonou. O último pôr do sol e Leão do Norte são músicas que me fazem perder o tino; a primeira com uma veia mais romântica e a outra ligada às suas raízes. Para mim, ele caminha no intervalo destas duas veias: olho no de dentro e olho no de fora, fazendo um caldo com os sons de lá e os sons do mundo (o que ele denominou acertadamente de “música popular planetária”). Foi assim em O dia em que faremos contato, de 1997 (para mim, sua obra-prima!) e com Na pressão! (1999)... Pois me sinto assim quando ouço este menestrel, dado às vezes a letras de canções enormes que narram histórias de nossos ancestrais e nossas histórias: NA PRESSÃO... Depois de Falange canibal (2002), se não me engano, ele fez apenas cds ao vivo, incluindo uma ou outra música inédita, mas estas e até mesmo as não-inéditas (com arranjos novos maravilhosos!) valem cada investida na sonzeira musical que vem da sua inquietação! O belo in cité (2005) tem a música carro-chefe do ano do Brasil na França em parceria com Lula Queiroga. Chama-se Sob o mesmo céu e, para mim, consegue como nenhuma outra firmar o lugar do Brasil na onda-planetária-nada-afeita-aos-estereótipos que mais parece uma ponte e que lhe é tão cara!

Deve ser o quinto show que vou. E a cada vez sinto que minha paixão por ele sai revigorada. Vida longa ao Lenine!

Outras fotos do show:



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4 Palavrinhas:

Cristina Soares disse...

Lindas fotos, amiga ! Gosto eclético !!!!!! Beijo

Elcio disse...

Q blog mais encantador!
Transpira, respira, aspira (nem sempre n mesma ordem...rss) a cultura.
Ameiiiiii.
Estarei sempre por aqui mesmossss.

É isso ai.
Bjs

renata penna disse...

delícia!
adoro Lenine também. Esse CD com Suzano é de babar mesmo. O último por do sol me arrepia sempre, uma lindeza, tanta poesia...

Anônimo disse...

Ah, minha jovem, O último pôr-do-sol, com aquele arranjo maravilhoso (e que também ficou linda no Acústico MTV) me carregou de vez pra "dentro" da música desse pernambucano. São Paulo é outro mundo mesmo, dentro do Brasil. Sempre tem shows bacanas; já em BH...

O boteco do Dinei, que freqüento aqui na cidade, toca Lenine sempre que possível(o dono também é fã). Um abraço.