segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

fragmentos para ele

"Há alguns dias, Deus - ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus - enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.
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Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer, eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom.
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Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah, você não come áçucar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas".
(Fragmentos da primeira crônica de Pequenas epifanias,
de Caio Fernando Abreu).
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Depois Caio continua. Avisa que nada demais aconteceu. Cansaço ou medo de tentar. Dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Mas eu estou em outra aprendizagem. Em plena aprendizagem. Justamente a de pedir. A de dizer. Talvez por isso esteja sendo tão bonito. E tão diferente. Intempestivamente bonito. E diferente.
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3 Palavrinhas:

Fabiano Rabelo disse...

isso tudo me parece com escolhas!
as do Caio, ou as suas. e depois da escolha, vem a verdade. não importa qual!
beijos e beijos querida!

. disse...

Tem um selo pra vc no meu blog (vide postagem do dia 16/02)! Vai lá conferir, beijos!

. disse...

Eu estou exatamente na fase do Caio.