segunda-feira, 29 de março de 2010

Eu, professora. Eu, Milena

Havia desencanto ontem. Ou antes de ontem. Já não sei mais. Por isso, o texto daí debaixo. É o sofrimento de sair da bolha. De saber que apenas nela me sinto plena. Hoje, sem desencanto. Ir sempre além da imagem. Forçar o entorno e acreditar. Estou às voltas com 100 anos de literatura portuguesa. É uma insanidade, sem dúvida. Mais uma ementa inapelavelmente sem sentido. Porém, tão instigante. E eu me renovo nisto. Na possibilidade de ler muitos livros que ainda não li, ainda não conheço. O desconhecido, eis. Disse ontem aos alunos: gosto de aprender. Eles não devem gostar. Devem preferir o professor que veste a persona de sabe tudo. Eu arrisco umas ironias, mas jamais a soberba. Então, eu leio. Que maravilha: Fernando Pessoa, Cardoso Pires, Saramago, Lobo Antunes, Teolinda Gersão, Adília Lopes... E vários outros. Arriscar-me, eis. 

Na ida a Porto Velho para a aula inaugural do mestrado, visitei os amigos do antigo trabalho. E embora eu sempre diga que detesto a ideia do sacrifício ou da batalha árdua (porque tudo foi, no fundo, uma grande festa!), foi bom lembrar que fiz escolhas. Eu poderia ainda estar lá, confortável com o rico dinheirinho que o emprego de revisora me possibilitava; e não estar deve-se unicamente ao fato de não querer estar. Mari, que escreveu nos comentários, tem razão. É bom lembrar minha trajetória. Ela é bonita. E eu  não quero esquecer disto. E quero que continue sendo bonita.  Quero que as malas sirvam não para que eu tranque desejos, mas para que eu as encha de vontades. Devo isto a mim. E agora ao meu filho.

ps. adorei a imagem. Encontrei-a lá no "imagens" do google.
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