terça-feira, 18 de janeiro de 2011

25 páginas por dia

Eu escrevi para um amigo que, no nosso imaginário, quando uma pessoa escapa da morte, inevitavelmente, vai mudar - e para melhor, como se o dom da doença fosse levar todos os defeitos. E eu sentia agora em mim que não era bem assim. Jogar fora o que emperra parecia mais com  as promessas de ano novo, as que nunca cumprimos. 

Porque nossa casca não é uma mera peça de roupa. Está tudo entranhado. Os vícios e virtudes em sangria desatada. Daí que decidi me concentrar ainda mais nas pequenezas, mas dessa vez tentando aparar aqui e ali oqueatrapalha. Mínimas promessas: gastar menos, ficar muito perto do Tatupai e do Poeminha, ler mais os livros que compro, tecer dias bons. E assim caminho, ora sim, ora não.

Tenho lido obstinadamente literatura brasileira contemporânea. E tenho gostado. Diz-se disso ser mais responsável pelas minhas escolhas. Mas tem sempre o mas. Me danei a pensar que faltava algo. E com isso veio o desejo de ler livros comprados há muito tempo. Lembrei então do que fiz durante quase todo o doutorado: Um filme e 30 páginas de um romance nadaavercomatese por dia. Impossível repetir tal feito querendo ficar muito perto dos meus. Então adaptei. E assim nasceu o 25 páginas por dia. De preferência, literatura estrangeira. E ainda: volumoso. Porque são estes que nunca lemos quando achamos que não temos tempo. Fiquei tempão parada diante da estante pensando por onde começar. Opções não me faltavam.  Sempre comprei as melhores traduções dos livros clássicos acreditando piamente que os leria em seguida.  Engano doce. Por fim, decidi começar por Ana Kariênina, que na edição brasileira tem nada menos que 801 páginas. Fiz as contas e, se tudo der certo, terminarei de lê-lo daqui a 32 dias. Achei um tempo bem razoável. 

Comecei ontem. No entretempo, Bisa veio almoçar e eu tive que ir também, Tatupai deitou do meu lado e ficou fazendo dengo, Poeminha apareceu enciumado e tivemos que despistá-lo mostrando a máscara acima da porta. E ele haja pisar em nós para alcançá-la. Tudoaomesmotempo. Doce. Lindeza. Se rolar, escreverei as minhas impressões de leitura no correr dos dias. Sim. Sempre, e ainda por muito tempo, esta sede. Assim desejo. Com desejo.   
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4 Palavrinhas:

Milena Magalhães disse...

Érica, você ainda vem por aqui? Pois é, vez ou outra penso em você, e de como é bacana - e também assustador - ter um lugar público onde entra pessoas que nem desconfio... Mas o lado bacana é quando sinto, pelas palavras, que a pessoa é do bem. E eu lhe senti assim, Érica. Venha sempre. E me escreva. E saiba que adoro Recife, adoro.

E Juliana, obrigada pelas palavrinhas, obrigada mesmo. Quero muito que este ano, apesar dos tropeços que já vislumbro, seja muito bom.

Ai,ai, Anônima, você bem poderia me dizer quem você é... Me vê andando e ainda faz propaganda do meu lugar? O que posso dizer além de agradecer? Perguntar como é seu nome?

E tem mais alguém por aí, anônimo?

Halem Souza disse...

25 páginas por dia... Taí um bom plano (ainda assim depende de alguma disciplina - e eu não tenho nenhuma, hehehe...)

Numa entrevista, certa vez, o J. Ubaldo Ribeiro disse que havia deixado de ler livros inteiros a partir de certa época. Ele só relia os capítulos de que mais gostava, nas obras já conhecidas e escolhia alguns capítulos, aleatoriamente, nos livros que desconhecia. Interessante, mas acho difícil fazer isso.

Falando em Lit. Brasileira contemporãnea, estou começando a ler a obra de Luiz Ruffato. Tem algo a me dizer sobre ele?

Um abraço com saudade.

renata penna disse...

a-do-rei essa proposta das 25 páginas. vou adotar, já que há tempos me arrasto com as leituras por suposta falta de tempo. agora me darei de presente, todos os dias, as 25 páginas!
beijo querida, um lindo 2011 procê!!

vovó ziza disse...

impossível ficar nas 25 só,enveredei madrugada a dentro, como quando ainda tinha minha mãe e ela ficava com as crianças pra eu ler.delicia os clássicos, arrepio ainda,que bom...bjs