sexta-feira, 15 de julho de 2011

pola e mãe


A essas alturas, todo mundo que se interessa pela FLIP sabe que valter hugo mãe, escritor português pouco conhecido no Brasil, mas suficientemente reconhecido para ter seu livros publicados pela editora 34 e Cosacnaify, roubou a cena. a sua conversa foi, de fato, muito emocionante. daquelas emoções que tocam em algum ponto muito sensível. que falam do humano que há em nós. ainda não sei se ele é um bom escritor. não li nenhum dos seus livros. mas a confiar no que dizem, e no modo bonito com que ele expressa sua alegria - uma alegria tímida, que mais parece tristeza - de estar na vida, vale a pena ler algum dos seus livros. eu já comprei o(s) meu(s), devidamente autografado. 

depois da emoção, fiquei pensando sobre a reação do público, que, diante de um escritor de tamanha sensibilidade e uma escritora por demais cerebral que dividia a "mesa" com ele - a argentina Pola Oloixarac -, escolheu rapidamente de que lado estava. pois, apesar de ter me emocionado muito com valter hugo mãe, não me vi entre um e outro. achei que eles ocupam lugares diferentes. e que estão em trincheiras que batalham com armas diferentes, não necessariamente opostas. Pola deu a dica: quando hugo mãe expressou sua vontade de ter um filho, ela meio que lamentou a impossibilidade de dizer o mesmo e ter a mesma receptividade do seu colega. Pois uma escritora mulher, ao expressar o desejo de ser mãe, causa mais desconfiança do que acolhimento; o exato contrário do que acontecia ali com hugo mãe. e Pola parece construir literatura desse modo: contra a maré. por isso, a voz na defensiva, as explicações teóricas. as frases frias no jeito tímido. acho que é preciso fazer essas diferenças para acolher um e outro. a literatura de um e outro.
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agora é lê-los. 
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crédito da foto: walter craveiro
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2 Palavrinhas:

a vida é bela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
a vida é bela disse...

Milena, gosto muito da sensibilidade se sua escrita e de jeito intenso que você ama a vida. Em tempos de tanta cobrança, fico aqui fazendo planos de ficar, ao menos seis meses depois que a maré dissertação passar, de me debruçar só para literatura...
Um forte abraço!
Vanessa GP