quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Album de férias

"este grão numa longa espiga de verão". Julio Cortazar.
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Eu tenho uma queda por diários. Resultado de anos de escrita. Parei em 2002, acho, quando eu mesma me espantava com o que escrevia, como se houvesse uma outra Milena, desconhecida para mim e para aqueles com quem eu convivia. Daí a "queda" ser a razão de este blog pender constantemente para as miudezas do dia-a-dia. Porém, como já insinuei, acho diário um bicho perigoso, ainda mais se qualquer um pode ler. Por isso, as entrelinhas.

No entanto, vem-me sempre a vontade de registrar os dias, quando são bonitos. Minha memória não tem zoom. Então, faço deste lugar o meu zoom::: para não esquecer. Não quero esquecer que minha irmã Mácia, com meu sobrinho-afilhado, sairam de Fortaleza para virem à floresta, unicamente porque nos amam. E que meu irmão também saiu de Sampa e veio. E fizemos uma festinha de ano-novo na casa da Maneca, em Porto Velho, que foi uma maravilha. A foto para o ábum de família ficou linda!

E Porto Velho é pertinho da Bolívia. Na maior parte do tempo, não nos damos conta de que moramos em um estado de fronteira. As visitas nos fazem lembrar. Então, fomos em Guayaramerin, que já é a Bolívia, basta atravessar o rio de "voadeira". Lá, não tem o que fazer, além de fazer compras de coisas desnecessárias, a preço baixinho. Foi um dia divertidíssimo, sob o sol escaldante. O nível de "serotonina" deve ter ido às alturas, porque fazer comprinhas de bobagenzinhas (fivelinhas, tigelinhas, bolsinhas, meias, chapéus) não tem preço de tão bom!
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E em Porto, o rio está sempre lá para aqueles momentos de distração, em que afloram a doçura, a delicadeza. E isto não faltou. Mudos de palavras, embaraçados com o que não queremos nomear, mas queremos sentir. Ele foi e voltou e foi outra vez. E suportou três Milenas em uma viagem de 10 horas, sendo que a menos reclamona sou eu. As outras duas - irmãs nas fobias e na tagarelice - têm medo da menor curva! Ui!
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E em Porto tem meus amigos - amigos que amo. Com quem sinto um enorme prazer em estar; mesmo que seja num momento como o de agora, em que sinto uma necessidade quase física de solidão - o tempo para ler meus livros, ouvir meus cds. Porém, ser arrancada desta necessidade para viver uma noite regada a vinhos e muita risada, também não é momento que se possa esquecer.


Eu tenho a firme convicção de que momentos como estes, todos estes, devem ser vividos - que por mais que seja fascinante a solidão cultivada por causa dos livros, ela não deve substituir o contato com as pessoas. Ir para um sítio para que o sobrinho possa pescar - nem que seja levando o livro com o risco de molhar no barco - tem o ar de eternidade.

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1 Palavrinhas:

Cristina Soares disse...

Oi, Milena !! Este POST está com todas as linhas (hihihi). Adorei. Vc mora perto da Bolívia, guria ?? Mas bah, tchê !! Amei esse passeio de barco e as comprinhas sem compromisso !!!! Muito legal !! E a família ???? Linda !!