quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A casa (ou um momento mulherzinha)

Ok. Faz quase dois anos que decidi cuidar da casa. E já comprei “a dedo” muita coisa. Carinho especial pelos móveis baixos e coloridos. Por último, comprei uma cadeira de couro, uma cama japonesa, uma geladeira de onde sai água pela torneirinha sem eu precisar abri-la e uma mesa de estudo suficientemente grande para minha bagunça. Tudo o olho da cara, se os transformo em CDs e livros que eu TERIA se não fosse esta decisão tonta de cuidar da casa quando ainda nem tenho casa. Ok. Porém, o problema é o que falta. No apartamento de São Paulo, o guarda-roupa era embutido, portanto, devido à mudança, não tenho um guarda-roupa. E não consigo encontrar minhas roupas no meio destas malas espalhadas pelo quarto que deveria ser de hóspede, mas que até agora só recebeu roupas e sapatos e trecos. 15 minutos para encontrar um sutiã que resolve desaparecer atrás de uma mala. E não agüento mais lavar roupa na mão, como fazia minha mãe e como ainda faço mesmo quando tenho uma máquina de lavar. E o fogão é emprestado. E há tantos livros espalhados pelo chão que definitivamente não suporto mais, nervos em frangalhos como toda mulherzinha. Não compro mais um livro até ter outra estante, é a decisão do dia. Cadê a estante que eu encomendei há um mês, caramba? O marceneiro sumiu. E eu nem sei seu nome, nem seu telefone, muito menos o nome da sua marcenaria. Sim, sim, neurótica, organizadinha, tudo no lugar, cama arrumada todos os dias, nenhuma poeira, s’il vous plaît, porque sou alérgica. Ok. A pergunta que não quer calar no meio desta bagunça é onde encontro dinheiro? Porque não dá mais para comprar a perder de vista. Não dá. Simplesmente não dá. Vou viajar. E entre viajar e devolver o fogão do meu amigo e pôr a roupa na máquina e encontrar o sutiã, eu prefiro cair no mundo. E aquele dentista, além de me deixar parecendo o Coringa por uma semana, levou a última chance que eu tinha de viver f-o-l-g-a-d-a-m-e-n-t-e nos próximos meses. Seis meses pagando uma fortuna por um rasgo na boca. Ok. Precisava. Não do rasgo, mas do tratamento. O problema é que continuo sem guarda-roupa, sem estante, sem máquina de lavar e quase sem fogão. Por que não tenho um salário um pouco maior? Ou ao menos por que a burocracia emperra meu salário de doutora? Por que eu tenho que escolher entre um guarda-roupa e uma viagem para casa? Foda! Ok. Daqui a uma semana, vou falar sobre Derrida em um congresso e claro que aproveitarei para ver o mar, minha amiga de infância, meus sobrinhos, minhas irmãs, meus pais. Nem acredito. Daqui a uma semana. E nada disso terá importância, nem guarda-roupa, nem estante, nem nada. Até eu voltar. Pois é! O problema é que vou voltar.
...
E ia esquecendo: também não tenho espelho no banheiro. E em nenhum outro lugar da casa. Passo batom olhando em um 3x4. Realmente, a mulherzinha em mim anda precisando ser acalmada.
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3 Palavrinhas:

_+*Ælitis*+_ disse...

Também adoro moveis baixos! e sou doida pela arrumacao (meu namorado nao é, arghhhh)

Ja moraste ca em Paris?

Beijo meu,

A Elite

dade amorim disse...

Não sei se resistiria a uma semana desse jeito. Mas também sou louca por arrumar, decorar, escolher coisas. Boa sorte e uma casa bem gostosa pra você ;)
Beijo

marcos disse...

Puxa, sou totalmente solidário a você. Estou vivendo num endereço temporário depois que voltei para o Brasil. E descobri que não vou poder comprar um apê e usar o meu FGTS porque quero comprar fora do meu domicílio profissional. Para tal, tenho que morar 1 ano no local pretendido e comprovar isto depois. Daí, vou ter que alugar no interim , morar tipoacampamento, até poder ter meu endereço permanente e comprar cositas para mi casita. Vjo a cena, malas espalhadas, livros empilhados, limitações, restrições...