sexta-feira, 21 de novembro de 2008

May B em 28 de janeiro de 2007


Finis
C'est finis
C'est peut-être finis
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May B. Fui às lágrimas. A francesa ao lado também soluçava. Antes, lia um livro de Dosto. May B é Beckett em movimento. É terrível ver a dor a descrença o abjeto o horror o mutilado o não o sim a espera o corpo a miséria a torpeza o aleijão o pior dos mundos [o de dentro de nós] o medo a dúvida a angústia a solidão o luto o escárnio o sexo mecânico [há algum que não?] o obscuro o absurdo o estranho a memória o estrangulamento a desordem a repetição o peso o emparedamento - em movimento. Grutas Cavernas Buracos. Hesitação. Peut-être. Talvez. Quem pode nos salvar da humanidade que há em cada um de nós? Alguém pode nos salvar do efêmero do transitório do absurdo dos desejos dos medos? A salvação é uma mera formalidade. Perder-se é tudo na obra de Beckett. Os dez dançarinos gemem grunem arrastam seus pés deixando uma nuvem branca que pouco a pouco toma conta do palco: e soltam seus vermes seus espasmos seus gemidos - defecam - na hesitação disto que é a literatura no seu mais alto sentido; na dança no seu mais alto espanto. Perplexidade. Dúvida. Haverá algum dia um dia? Não se pode morrer sem ler Esperando Godot; Fim de partida; Molloy; O inominável; porque são nestes livros que se aprende a morrer a cada dia; e a viver sem que a vida seja ela mesma uma vida de ameba. A imobilidade de Beckett - seu absurdo riso - pesa sempre sobre mim a me mostrar o abismo profundo. Não há nenhuma terra prometida. E quem precisa dela, se só nos resta a solidão quando os outros dormem o sono dos justos. A justeza e a justiça são tão vazias. A luz diminui. Apaga. O homem fica só no meio do palco. Hora de parar de chorar. Todos aplaudem por mais de dez minutos.
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* May B, da coreógrafa Maguy Marin, foi concebido em 1981, e já atravessou meio mundo em mais de 500 apresentações. Estava na programação do Festival Beckett, organizado por Peter Brook, em diversos espaços e linguagens, aqui em Paris.
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* Vi no Teatro Jean Villar, em Vitry-sur-seine, às 16h. Difícil chegar lá. Prazerosa a busca.
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2 Palavrinhas:

Rafinha... disse...

Pois é tava na hora de voltar, precisei do meu tempo, tive ele, agora estou de volta. Aguardo sua visita!

Bjos!

Anônimo disse...

... aqui em Paris! ai meu deus, que inveja!!! rs...
É claro que não vi! Mas é claro tb que vc me deixou cheia de vontades. Gosto desta forma de exprimir o grotesco que nos anda por dentro!
Ah... deve ter sido realmente emocionante!
Beijocas