terça-feira, 11 de novembro de 2008

no mato


o ser humano tem a mesma natureza
vê tanta beleza
e abre o coração
a regra diz pra comer na mesa
mas gostoso com certeza
é comer na mão
(chico césar)
.
eu tenho aprendido muito. pensei assim ollhando as estrelas lá no mato. este tipo de pensamento vem fácil olhando as estrelas. sentindo o barulho do rio lá embaixo. ou dentro do rio rindo que nem criança que não teve infância e de repente se lembra de uma fresta daquele tempo. havia uma menina triste em mim. e outra sorridente. e outra amorosa. quero crer. quero crer em muito. uma lágrima caiu. mas eu a coloquei para dentro. nunca faço isso de colocar lágrima para dentro. mas fiz porque achei que estava chorando por engano. eu queria mesmo era sorrir. e crer naquele momento. ali no rio. ali na beira do rio. ali dentro do rio. ali na barraca que comprei por outra razão. mas que de repente comecei a achar que ela foi comprada para aquele instante. se o instante só existe quando existe emoção. que ela se armou por milagre. e que é um milagre a vida de todo dia. esta tecitura. este amarrar de nós. bem fortes para não desamarrar. talvez isto seja de fato desaprender. isso de sentir o barulho dos sapos e se sentir como se fosse um. uma sapa. um sapo. dois sapos. um coaxar que não assusta. ou assusta só um pouco. dois tatus. isso de sentir a areia. não areia fina. cascalho que arranha as costas. e fazer figa para que arranhe bem muito. para que deixe marcas. e que sejam todas bonitas. como o dinossauro que vi nas nuvens. como o pingo grosso que nos molhou. como a barrigada que dei porque nada sei de mergulho. suculenta e saborosa como a carne que comemos como bárbaros. longe dos pratos. com os dedos afundados na gordura. isso de desaprender tem sua beleza. pensei errado então. assim como chorei errado. eu agora desaprendo.
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2 Palavrinhas:

renata penna disse...

eu às vezes acho que a gente vem na vida é pra isso mesmo: desaprender, virar do avesso, tudo ao contrário. tem muito mais poesia assim.

Eliz disse...

E no mato somos nós mesmos, sem nada de ser o que querem ou mandam.