domingo, 18 de janeiro de 2009

Com as conversas de Almodóvar


O que me seduz em um livro como este não é a possibilidade de ler sobre o que pensa o Almodóvar sobre a sua obra. Isto é, não estou atrás de uma análise justa, à primeira mão, de seu cinema. O que me fascina é a emoção. A emoção que eu sinto através das suas palavras emocionadas ao falar não apenas sobre seu cinema, mas também sobre o mundo e sobre ele mesmo. É como se fosse possível saber que sua respiração é agitada, que seu andar é rápido, que ele não fica sentado durante muito tempo, embora estas informação não estejam ali, nas conversas. A radiografia do humano, que posso ver nos seus filmes, também posso vê-la nas suas palavras, na sua paixão pelo seu trabalho de cineasta. Uma radiografia anárquica, colorida, plural, que coloca a nu tantas das hipocrisias do humano.

E, por outro lado, é inevitável que o livro sirva também para atiçar a vontade de rever os filmes. Aí, sim, é uma espécie de voyeurismo::: são os olhos de Almodóvar que tomo emprestado. São com seus olhos que revejo determinada cena, determinado ângulo, determinada música. Sinto vontade de pregar o olho em todas as cenas, para trazer dali algo novo. E é o que faço aos poucos neste início - não só do ano. Mas o início de muitas emoções novas.
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2 Palavrinhas:

renata penna disse...

putz! desde que vi na livraria, fiquei doida de vontade... agora mais, culpa tua! =P

dade amorim disse...

Tudo que traduz Almodóvar interessa muito, sempre. Penso como você, ele empresta seus olhos pra gente ver o mundo, ensina uma nova sensibilidade. Almodóvar é mesmo um mestre, não só do cinema como da arte de ser gente.
Beijão, Milena.