a noite é tão triste, não porque estou aqui desterrada dos meus tantos mundos, exceto o dos livros que devoro para esquecer este não lugar que não me pertence e ao qual não pertenço. a noite é triste porque folheio o livro de farnese de andrade com suas bonecas mutiladas, queimadas, quase cinzas, suas caras viradas ao avesso como monstros aprisionados em algum espasmo do passado, suas faces afogadas em invólucros transparentes que as prendem sem nenhuma piedade, sem nenhuma compaixão. estes objetos velhos, destruídos pelo tempo, nada mais do que trastes, do que restos, me levam a um espaço estreito de amargura, de destroçamento, de solidão. o que pensava farnese? não o alcanço, e não alcançá-lo é o que me fascina.
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